Por Pedro Henrique Gomes e Luiz Felipe Barbiéri, G1 — Brasília
O comitê formado por governo e Congresso, criado na semana passada para discutir ações contra a pandemia de Covid-19, teve a primeira reunião nesta quarta-feira (31). Após o encontro, o presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento no qual voltou a criticar medidas de distanciamento social.
Nesse ponto, o discurso de Bolsonaro divergiu de outros participantes da reunião que também fizeram pronunciamento: o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Primeiro falaram com a imprensa Pacheco e Queiroga. Na fala dos dois, em algum momento, surgiu a defesa das medidas de distanciamento social para conter a pandemia. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também participou da reunião.
Pacheco citou o feriado de Páscoa, neste fim de semana, e disse que as pessoas não devem se envolver em aglomerações.
Ele também pediu uma comunicação uniforme da Presidência da República para alertar a população sobre o uso de máscaras e o distanciamento.
“É muito importante a comunicação, que haja um alinhamento da comunicação social do governo, da assessoria de imprensa da Presidência da República, no sentido de haver uma uniformização do discurso, de que é necessário se vacinar, usar máscara, higienizar as mãos, necessário o distanciamento social de modo a prevenirmos o aumento da doença no nosso país”, afirmou o presidente do Senado.
Segundo o presidente do Senado, foi Queiroga quem sugeriu que os avisos de prevenção sejam reforçados durante o feriado da Semana Santa.
“Uma sugestão muito rica do senhor ministro da Saúde, de aproveitar o ensejo da Semana Santa, que é um feriado que tende a estimular a aglomeração, que possa o povo brasileiro ter a consciência de que precisa fazer o distanciamento social mesmo no feriado”, completou Pacheco
Queiroga falou em seguida:
“Agradecer a citação do Pacheco em relação ao feriado. No feriado não pode haver aglomerações desnecessárias. É importante usar máscara, manter o isolamento. É importante fazer isso. Medidas extremas não são desejadas. Então vamos fazer isso”, disse o ministro da Saúde.
Pronunciamento do presidente
Bolsonaro fez o pronunciamento sozinho, durante o anúncio da retomada do auxílio emergencial, após as falas das três autoridades anteriores.
Como tem feito desde o início da pandemia, o presidente afirmou que o isolamento social prejudica a economia. Ele voltou a criticar medidas de governadores que adotaram restrição da circulação de pessoas.
“Não é ficando em casa que nós vamos solucionar esse problema. Essa política [distanciamento social] ainda está sendo adotada, mas o espírito dela era se preparar com leitos de UTI, respiradores, para que pessoas não viessem a perder as suas vidas por falta de atendimento”, disse Bolsonaro.
“Nenhuma nação se sustenta por muito tempo com esse tipo de política. E nós queremos realmente é voltar à normalidade o mais rápido possível. Buscando medidas para combater a pandemia, como temos feito com a questão das vacinas”, completou o presidente.
Em seu pronunciamento, Bolsonaro não estava usando máscara, ao contrário das demais autoridades.
O Brasil vive atualmente a fase mais crítica da pandemia, desde que os primeiros casos de Covid-19 começaram a ser registrados no país, há pouco mais de um ano. Os números de mortes e de novos infectados têm registrado sucessivos recordes. A sobrecarga no sistema hospitalar tem gerado fila nas UTIs e ameaça de falta de remédios e de insumos.
No estágio de descontrole da pandemia, como é o caso do Brasil, os cientistas e autoridades sanitárias recomendam a adoção de medidas de restrição de circulação, para conter a aceleração do contágio.