SEM ESTOQUE
O ano de 2020 acabou sem que o isolamento social imposto pela CONVID-19 chegasse ao fim e com registros de altas dos preços nos artigos da cesta básica, no último quadrimestre. Para o primeiro fenômeno não precisa procurar culpados, as causas são sabidas. Quanto ao segundo é necessário dar nome aos reais interessados nas altas ocorridas na arroba de boi, no arroz e no feijão, para ficar apenas com este trio.
Não tenho procuração para defender ninguém. Mas é preciso descartar a hipótese de que a culpa dos aumentos dos preços, ocorridos nos últimos cem dias de 2020, seja dos produtores rurais. Neste quesito é fundamental entendermos o impacto de dois fenômenos econômicos que aconteceram no período. O primeiro foi o valor do dólar, que tornou a exportação mais atrativa do que a comercialização no mercado interno e o segundo a falta de estoque regulador.
Estes dois fatores, cuja responsabilidade não pode ser imputada a quem corre o risco de produzir, foram determinantes para que os preços fossem majorados em perfeita consonância com a velha lei da “oferta e da procura”.
Na época, como sempre acontece quando as coisas não atendem as expectativas de quem governa, áreas do governo saíram à caça de bruxas. Pediram informações de atacadistas e das redes de supermercados, numa ação contrária ao que prega o gestor da economia nacional: “Livre mercado.”
Setores da imprensa, repetindo erros em situações da espécie, começaram a criticar os produtores que exportaram visando lucros, prejudicando a oferta. Tal alegação além de injusta não espelha a verdade em sua plenitude. Estes mesmos jornalistas, que se julgam economistas de plantão, quase nada citaram quanto a falta de estoque regulador, custo do frete e outras variáveis. Chega de injustiças, viva o produtor rural.