IMUNIDADE BAIXA
Pelo nosso bem e em favor dos que nos cercam, mudamos nossa forma de agir e pensar. Algumas coisas, no entanto, permanecem conosco. Comigo fica sempre o pensamento que tenho de que “lei não é sinônimo de justiça” e que “constituição e eleição não significam democracia”.
Para dar sustentação aos meus argumentos defendendo tais teses, no tocante as duas variáveis ligadas a democracia gosto de citar os conchavos fechados durante a elaboração da nossa Lei Maior no tocante aos cinco anos de Sarney, reforma agrária, estabilidade do emprego e jornada de quarenta horas semanais. Cito da mesma forma o monopólio de alguns grupos em eleição seguidas, em função do poderio gerado pelo dinheiro, pelo domínio de redes de comunicação em massa e pelo sobrenome. Para mim isto basta para comprovar a contaminação dos
dois sustentáculos da democracia, para muitos: Constituição e Eleição.
Os professores Steven Levitski & Daniel Ziblatt, ao escreverem “Como as democracias morrem”, nos dão pistas sobre as formas atualmente utilizadas para provocar “septicemia” em regimes democráticos. Escrevem os autores: “O paradoxo trágico da via eleitoral para o autoritarismo é que os assassinos da democracia usam as próprias instituições da democracia – gradual, sutil e mesmo legalmente – para matá-la.” Ao falarem sobre os EUA atestam: “Não há nada em nossa Constituição nem em nossa cultura que nos imunize contra colapsos democráticos.”
No livro, além de descobrir que o “U” da união entre os estados americanos está sendo minado por seguidas contaminações encontrei muitos outros argumentos para continuar como minha visão sobre o que, de fato, dar sustentação a uma democracia.
Que tal buscarmos a sabedoria do ditado popular: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.” Sejamos vigilantes, voto e Carta Magna ajudam, mas, podem não ser suficientes. Cidadania seria uma boa vacina?