MILTON GILBERTO BATISTA DE OLIVEIRA
Milton Papagaio, Milton de Joaquim Nazário ou Milton Oliveira qualquer destes nomes nos levam ao escritor, advogado e ex-funcionário do Banco do Brasil que há muito tempo orgulha sua terra natal e é festejado por uma legião de amigos e amigas.
Convivo com Milton desde os anos 1970 e para que lhe defina melhor vou buscar um fragmento na letra da música “Um homem chamado Alfredo”, de Toquinho e Vinícius de Morais. “…Um homem por trás dos óculos como diria Drummond…”. No caso alterado o texto para “Um homem por trás dos livros”. Nosso maior escritor sempre tem uma indicação de leitura.
Destaco que desde “Perdição”, romance publicado em 1979 até “Depois de te amar tanto”, livro de crônicas publicado recentemente Milton já escreveu mais de duas dezenas de livros. Isto mesmo, o escritor afogadense já escreveu mais livros do que a quantidade de livros lidos por milhões de leitores brasileiros em toda vida.
Tive privilégio de ler alguns deles, tenho verdadeira adoração por “Mortas paisagens”, livro que aborda o sofrimento dos nordestinos e das humilhações sofridas nas frentes de emergência. Nosso colega do Banco do Brasil, o também afogadense Gilberto Bezerra da Silva, foi feliz ao escrever o texto adiante transcrito, na apresentação da obra: “Escrito a partir de fatos vividos no sertão de Pernambuco, o autor criou uma história emocionante. Personagens fictícios e reais mesclam-se para demonstrar o amor a terra e ao povo que nela vive”. O texto do livro é perfeito para uma adaptação numa série televisiva.
Para comentar sua última publicação recorro novamente a um verso da letra da música “Guri”, de César Passarinho. “…Pra que digam quando eu passe saiu igualzito ao pai…”. Esta transcrição é justificada pelo fato que entendo o livro como um filho do autor. Neste ponto a relação do livro com Milton é total. Em seu conteúdo fica provado que a exuberância do escritor vence e seu desencanto com o mercado editorial e pela falta de interesse do brasileiro pela leitura. Nas crônicas Milton, com extrema felicidade, cita pessoas, fatos, medos, angústias e confidências em textos revestidos de muita densidade intelectual, com a mesma simplicidade que o escritor utiliza em suas conversas pelas ruas de Afogados da Ingazeira.
Como amigo e leitor assíduo de suas obras tomo a liberdade de sugerir que Milton encontre uma alternativa para publicar, se for o caso no formato eletrônico, todos os seus livro inéditos. Que esqueça, em nome da cultura, o que ele mesmo escreveu no “Breve Comentário” da sua última publicação: “Não sei se terei ânimo para publicar mais alguma coisa, além deste livro. Continuarei no vício, por que não sei como me livrar dele, mas sem almejar nada daqui para frente”. O mundo precisa do seu vício para ser melhor como precisa da vacina para voltar a viver sem medo.
Rapaz, bela homenagem.
Ótimo texto de Ademar para a excelente pessoa que é o Milton! Parabéns aos dois e ao Blog!