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Crônica de Ademar Rafael

TRIPÉ DE DUAS PERNAS

A incoerência do título desta crônica, uma vez que todo tripé que se garante tem que ter três pernas, é por que nela vou narrar um problema que para ser solucionado precisa de três fatores. Os autores e atores das soluções insistem em ofertar somente duas das três variáveis obrigatórias.

Não necessitamos de recorrer a teorias econômicas para identificar que para resolver a crise do desemprego, agravada com a pandemia do COVID-19, as duas, pernas aqui classificadas com flexibilização das leis trabalhistas e qualificação dos trabalhadores, são insuficientes. Necessário de faz criar vagas por meio de uma política industrial de alto alcance em várias atividades que os governos desde Fernando Collor de Mello negligenciaram.

Daniel Cohen, professor de ciências econômicas de Sorbonne – França, no livro “Riqueza do mundo, pobreza das nações” em vários momentos fala sobre a ineficácia no combate ao desemprego sem aplicação das três variáveis acima narradas. Enfatiza que a junção das três pernas, neste texto simbolicamente representadas, é o caminho mais curto para reduzir os níveis de desemprego no mundo. Cita como exemplo central as práticas adotadas pelos “Tigres asiáticos”: Hong Kong, Cingapura, Coréia e Taiwan, com reflexos positivos na China, Japão, Malásia, Indonésia e Índia.

O Brasil com sucateamento da nossa indústria, importando até palito de dente da China e sem um política industrial de longo prazo continuará andando em circulo. A banalização das relações trabalhistas e a qualificação ofertada para massa de trabalhadores que perderam suas vagas e os que nunca tiveram acesso ao primeiro emprego pouco servirá se não criarmos, de fato, novas vagas. Fazer esta leitura parece que não está no radar das autoridades brasileiras, suas ações transitam somente de direção do “tripé de duas pernas”. Até quando?


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