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ABRATI lança campanha contra Transporte Clandestino e alerta para riscos para o passageiro

Alexandre Pelegi – Diário do Transporte

A Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (ABRATI) lançou nesta quarta-feira, 28 de outubro de 2020, a campanha de conscientização “Sua Vida Vale Mais. Diga Não ao Transporte Clandestino”. Reportando declarações da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a ABRATI ressalta que o transporte clandestino é um grande risco para sociedade “porque ele mata”.

A campanha foi lançada em coletiva na manhã desta quarta (28), em que participaram o presidente da Abrati, Eduardo Tude, e a conselheira da Associação, Letícia Pineschi.

O Diário do Transporte foi convidado e participou da coletiva que foi realizada de forma virtual.

Aproveitando o feriado de Finados, que ocorre nesta segunda-feira, 02 de novembro, a Abrati espera conscientizar sobre os riscos que o transporte irregular traz para os passageiros, com o aumento das mortes nas estradas do Brasil que tendem a aumentar em épocas como essa.

Demonstrando as diferenças entre uma empresa de transporte regular e uma de transporte irregular, Letícia Pineschi lembrou que as obrigatoriedades que existem como garantia para o passageiro têm custos, que não se aplicam às empresas que atuam na marginalidade da regulação.

Apenas em 2020 já foram mais de 930 apreensões de ônibus e mais de dois mil Autos de Infração pela ANTT, com mais de 28 mil passageiros restituídos ao transporte regular, em 2020. Só de multas, foram mais de R$ 11 milhões.

Na coletiva, a ABRATI ressaltou os principais riscos dos transportes clandestinos:

– antecedentes criminais dos motoristas de ônibus clandestinos não são verificados;

– motoristas não têm treinamento para dirigir os equipamentos (Leito Total – LD – e Double Deck), nem treinamento para dirigir à noite ou em grandes distâncias;

– empresas não contam com alojamentos de descanso adequado e

– motoristas não passam por testes toxicológicos periódicos, aferição alcóolica ou de outros medicamentos pré-jornada.

“Toda essa irresponsabilidade, não apenas coloca em risco a vida de milhões de passageiros em todo o Brasil, mas também ceifa milhares de vidas de outros viajantes que circulam nas rodovias”, afirma o presidente da Associação, Eduardo Tude.

Eduardo referiu-se explicitamente aos aplicativos: “Não somos contra a concorrência, o que não podemos admitir é que algumas plataformas, que não estão afetas às exigências do transporte regular, como garantir gratuidades, recolher tributos e estar sob estrita vigilância dos órgãos reguladores, se utilizem dessa ‘economia’ para concorrer de forma desleal”.

Letícia Pineschi destacou então que, ao contrário dos motoristas de ônibus clandestinos, os condutores do transporte regular seguem as regras da ANTT e contam com padrões de treinamentos rigorosos, testes toxicológicos contínuos, alojamentos para descanso e têm toda a sua vida pregressa civil e criminal verificada antes de serem contratados.

“É um tiro no escuro. Você entra no clandestino e não faz ideia se o ônibus pode quebrar e causar algum acidente, não sabe se o motorista está preparado para aquele trajeto. A segurança é zero”, afirma a conselheira da Associação.

Além disso, ressalta Letícia, os clandestinos não cumprem protocolos sanitários, comprometendo a saúde de seus passageiros, o que é agravado em um momento de pandemia.

Como exemplo de crescimento do transporte rodoviário clandestino, a ABRATI alertou para os riscos no estado de São Paulo.

De acordo com levantamento realizado pelo Setpesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do estado de São Paulo), que foram divulgados em primeira mão pelo Diário do Transporte nesta segunda-feira (26), no estado são realizadas cerca de 6.801 viagens ilegais por mês, totalizando 81.612 por ano. Desse total, 42,5% das viagens ilegais são realizadas apenas por um aplicativo. Se formos considerar o número de passageiros que colocam suas vidas em perigo, os dados são alarmantes. Mais de 684 mil pessoas recorrem por ano a esse transporte irregular para viajar pelas estradas.

Em entrevista ao Diário do Transporte na noite desta segunda (26), o presidente do sindicato, Gentil Zanovello, disse que a modalidade de aplicativo representou 60% de todo o volume apurado do que o inventário classificou como transporte ilegal. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2020/10/26/exclusivo-transporte-ilegal-gera-prejuizos-de-r-200-milhoes-ao-estado-de-sao-paulo-diz-inventario-de-sindicato-de-empresas-de-onibus/

O Diário do Transporte quis saber qual a posição da ABRATI sobre o argumento que vem sendo utilizado por alguns aplicativos de que, neste momento de crise, eles estão gerando receita para pequenas empresas que foram afetadas gravemente pela pandemia de coronavírus.

O setor de fretamento, em especial, perdeu mercado com a crise, que impactou fortemente o setor de turismo em todo o país.

Letícia fez questão de lembrar que a pandemia afetou a todos, de forma indistinta, e citou a situação do transporte rodoviário regular, que chegou a rodar com apenas 5% da demanda. No entanto, ela lembra que “a dificuldade não pode ser muleta para a ilegalidade”. A situação do fretamento, ela destaca, deve ser resolvida sem prejudicar o transporte regular, exatamente para não desmontar todo o sistema que já sofre com a queda de demanda.

Letícia citou explicitamente a ilegalidade cometida pela Buser, que se traveste de “fretamento compartilhado” para executar venda de passagens realizadas que são típicas do transporte fornecido pelas empresas regulares.

Eduardo Tude lembrou que a Buser insiste em colar sua imagem ao Uber, o que é uma falácia. “O Uber é um serviço privado de utilidade pública, trata-se de transporte individual. O transporte rodoviário regular é um serviço público de caráter coletivo, transporta pessoas e precisa garantir, além de conforto e assiduidade, frequência e regularidade”, destacou.

DIA “D” PROMOVERÁ MOBILIZAÇÃO NAS RODOVIÁRIAS

Na coletiva a ABRATI detalhou como acontecerá nesta quinta-feira (29) o “Dia D” da Campanha.

Serão realizadas mobilizações contra o transporte clandestino na internet, na mídia e em terminais rodoviários do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Belém, João Pessoa, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, São Luís e Recife.

Nesses locais ocorrerão panfletagens e promoção de diálogos ativos com cidadãos voltados à conscientização e proteção dos passageiros.


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