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A partir desta segunda (8), o cenário das cidades pernambucanas volta a se parecer um pouco com o da pré-pandemia da covid-19. Depois das lojas de material de construção, que reabriram há uma semana, outras atividades vão se readaptando à nova normalidade. Nesta segunda será a vez da construção civil, do comércio atacadista inaugurar sua retomada e das clínicas médicas, enquanto o setor de shopping centers estreia o serviço de drive-thru. Reações negativas dos empresários ao Plano de Convivência com a covid-19 fizeram com que o governo antecipasse a reabertura de algumas atividades.
O setor de shoppings foi uma das atividades que reagiu à falta de data para abertura pelo governo de Pernambuco e foi atendido no pleito de antecipar a operação do drive-thru para aproveitar as vendas do Dia dos Namorados. Pelo plano inicial, o serviço só poderia funcionar a partir do dia 15, mas foi antecipado para esta segunda.
No Brasil, alguns shoppings já haviam adotado a operação do drive-thru para permitir que os lojistas voltassem a vender. Em Pernambuco, os centros de compra estavam trabalhando com delivery, a partir de plataforma online.
Agora, os consumidores podem comprar pelos sites das lojas, por WhatsApp e por telefone. Depois, a compra é retirada em pontos de entrega instalados nos estacionamentos dos shoppings.
“Os shoppings e os seus lojistas ficaram satisfeitos com a antecipação do prazo para funcionamento do sistema de coleta/drive-thru. O governo reconheceu o pleito dos lojistas, e isso é muito importante neste processo. Continuaremos dialogando para implementar a volta das outras operações”, diz o presidente da Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce), Paulo Carneiro. Segundo ele, os shoppings e os lojistas se esforçaram para implantar o drive-thru para que funcione a partir de hoje. O governo ainda não definiu a data da abertura efetiva.
A retomada econômica não quer dizer, porém, que o Estado está livre do novo coronavírus, e, por isso, é preciso cumprir os protocolos sanitários para evitar uma escalada de transmissão do vírus nessa volta. A construção civil volta a abrir os canteiros de obras com o compromisso de operar com metade da mão de obra e adotando medidas de distanciamento social, higiene e comunicação e monitoramento. Entre as de distanciamento estão manter distância de 1,5 metro entre os trabalhadores, utilizando máscaras, óculos e protetor facial.
O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Gildo Vilaça, diz que as empresas do setor terão condições de cumprir os protocolos. “Pelo menos 95% das medidas que constam no protocolo foram discutidas pelo setor com o governo. Em 8 de abril, encaminhamos uma cartilha com as sugestões”, destaca. A construção civil foi um dos setores que mais questionaram as medidas do governo, alegando que retomar a atividade com 50% dos colaboradores e no horário das 9h às 18h seria complicado. Na última sexta, o Estado divulgou uma antecipação das etapas de reabertura e permitiu horário livre.
Tradicionalmente, o expediente nos canteiros vai das 7h às 17h. “Minha empresa está parada há 75 dias, mas cada obra tem uma história. Tem gente apressado em começar, como quem tem obra do Minha Casa Minha Vida, por exemplo, porque é preciso construir e fazer medição para receber, e tem outras que vão num ritmo mais tranquilo”, observa Vilaça. Embora não seja um protocolo, algumas empresas estão comprando testes.
O comércio atacadista também reabre esta segunda, embora os que atuem com alimentos, higiene, limpeza e produtos farmacêuticos tenham permanecido funcionando.
“Pelo menos 90% do setor trabalha com produtos essenciais. Os que vão reabrir são os que atuam com food service, calçadistas e cosméticos e perfumaria. Mas do que adianta abrir sem ter pra quem vender? Se o comércio não estiver funcionando nem os salões de beleza nem os shopping nem os bares e restaurantes, o atacadista não tem a quem vender. O governo colocou a carroça na frente dos bois. Precisa primeiro abrir o comércio de forma gradativa e junto o atacado”, defende o presidente da Associação Pernambucana de Atacadistas e Distribuidores (Aspa), José Luiz Torres.
Na antecipação da reabertura anunciada pelo governo do Estado, o comércio dos bairros e do centro (que ainda não tinha data de volta) foi incluído com abertura prevista para o próximo dia 15 para lojas de até 200 m².
Nesse caso, uma semana após os atacadistas, que poderão funcionar das 9h às 18h, obedecendo aos protocolos sanitários e de distanciamento social. “Este ano pela primeira vez em 14 anos não vamos realizar a Supermix, maior feira atacadista do Norte e Nordeste e a terceira maior do País. A 15ª edição seria realizada em agosto, mas adiamos para agosto de 2021”, lamenta Torres. O setor atacadista em Pernambuco conta com 130 empresas associadas à Aspa, responsáveis pela geração de 30 mil empregos.