BRASÍLIA NÃO CONHECE O BRASIL
Dias antes da troca do Ministro da Saúde ouvi em uma coletiva o titular da pasta informar que estava enviando para cada município brasileiro um documento para que cada Secretário Municipal de Saúde respondesse com a devida urgência o quantitativo de leitos hospitalares e de Unidades de Terapia Intensiva – UTI, públicos e privados da cada município.
Comunicado com o mesmo teor seria remetido para cada Secretário Estadual de Saúde a quem caberia dar conta do quantitativo de leitos e UTI em sua jurisdição.
Este tipo de informação atesta quanto o poder central negligencia assuntos sérios em nosso país. Desde da municipalização da saúde periodicamente tais informações são repassadas pelas secretarias municipais para o Estado e para a União. Tais relevantes variáveis fazem parte dos dados da Programação Anual de Saúde – PAS.
É possível deduzir que os informes repassados ao Ministério de Saúde não recebem o tratamento adequado quanto à composição de uma base de dados com defasagem de um período anual. Este mesmo desconhecimento do que ocorre em nosso país advém da insistência com uma falida política pública baseada no modelo tecnocrático onde o poder central impõe regras sem ouvir os beneficiários.
Fernando Guilherme Tenório há 17 anos publicou o livro “Um espectro ronda o terceiro setor – O Espectro do Mercado” com ensaios sobre Gestão Social. Nele são apontados caminhos que solucionariam boa parte dessa nefasta centralização. Mas, o gestor público brasileiro, com raríssimas exceções, é democrático somente em época de campanha. Depois de eleito não suporta qualquer sugestão que possa retirar poder ou reduzir o peso da sua caneta. Uma pena sabermos que Brasília não conhece o Brasil e que para um país continental temos autoridades que enxergam, quando muito, a extensão de sua refrigerada sala.