Por Fernando Castilho do JC Negócios
Pernambuco perdeu, na manhã desta quarta-feira (15), o empresário e empreendedor Elpídio Martins Filho, vítima do novo coronavírus. Ele foi o criador da Engefrio, empresa que se tornou referência no setor de varejo por vender equipamentos de preparação de alimentos estimulando a criação de milhares de pequenos negócios.
Martins Filho também tinha um outro negócio que ajudava pequenos empreendedores. Vendia suprimentos para instalação de sistemas de ar condicionado, viabilizando as atividades de micro e pequenas empresas que atuam no segmento de refrigeração de ambientes. O terceiro negócio do empresário era a revenda Autoline Honda.
A história de Martins Filho está diretamente relacionada à criação de oportunidades de negócio de pequenos e microempreendedores. A Engefrio vendia todo os suprimentos e virou referência para todo o segmento.
Ela sempre teve a marca de inovação e trouxe ao Brasil uma grande quantidade de equipamentos importados, melhorando a performance de pequenos negócios. A empresa era distribuidora de louças para restaurantes comerciais e até indústrias.
Um outro negócio do grupo foi na verdade o início dos negócios do empresário. Ele era revendedor da japonesa Hitachi para o segmento de climatização. Uma das marcas da empresa era de apenas vender os equipamentos sem entrar no setor de climatização.
A lógica de Martins era de que o seu negócio era vender os artigos que outras empresas precisavam para fazer o seu negócio. Costumava dizer que não fazia sentido prestar serviços de climatização, pois o seu negócio não podia concorrer com o do cliente.
Elpídio tinha o hábito de viajar ao menos quatro vezes por ano ao exterior procurando novidades. Numa dessas acabou conquistando a revenda da Honda em Pernambuco.
Ele foi ao Japão a convite da Hitachi e decidiu aproveitar o dia de folga. Chegou na sede da Honda em Tóquio e pediu para ir ao departamento de América Latina.
Foi encaminhado a um japonês que o ouviu por uma hora, fez dezenas de perguntas sobre o Brasil e Pernambuco e no final da conversa agradeceu a visita, embora confessasse que tudo que ele deveria fazer era conversar com a Honda no Brasil. Martins voltou para o Brasil com a sensação de ter perdido tempo.
Mas um mês depois ele recebeu um telefonema de um executivo da Honda sugerindo que quando fosse a São Paulo visitasse a sede da Honda. “Eu disse que “coincidentemente” tinha uma reunião em São Paulo no dia seguinte. Não tinha nada, mas fui”.
Martins se surpreendeu ao chegar na sala. O diretor da Honda tinha o cartão que ele deixara em Tóquio e um “paper” da sua conversa com o executivo no Japão.
Um ano depois e após a troca de dezenas de certidões, ganhou a revenda Honda em Pernambuco. Após a festa de inauguração da loja da Imbiribeira, o presidente da Honda no Brasil disse no seu ouvido:
Elpídio, você conquistou a revenda no dia em que foi a Tóquio. Nenhum brasileiro tinha tomando tal atitude quando a Honda disse que iria iniciar suas atividades no Brasil. E isso a companhia valoriza muito.