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O garrancho e a ferida.

Por: Maciel Melo

Silenciosos; noturnos, coturnos passos pisam o chão da pátria, reacendendo os rastros cruéis da página mais sangrenta da história do Brasil.

Essa terra; mãe de pretos, pobres, pardos, brancos; madrasta de outros filhos, de outras terras, de outros mundos, de outros brasis. Oh! Senhor, Deus dos desgovernados, olhai por nós, rogai por aqueles que teimam em insistir que só a força do amor pode transformar uma nação. Livrai-nos da discórdia desumana, da indiferença mesquinha dos intolerantes, da fúria dos inconsequentes e da ira cega da desesperança.

Ninguém se entende mais, estamos numa Babel. Palavras turvas ecoam pelos ares; pelos celulares, discordar é desamor. Como seria bom pensar que tudo não passasse de uma mera ilusão; que tudo fosse apenas “um ensaio sobre a cegueira”, que nada nunca mais fosse como antes. Quando o pau-de-arara era o transporte mais rápido para uma catacumba, o sertanejo saia de sua terra natal, para construir os edifícios de onde hoje, você brada a volta de um ato institucional, que reprime, que mata, que tortura, e fere a ferida de um povo, que quando está quase bem pertinho de sarar de tudo; vem um garrancho e lhe magoa.


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