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Crônica de Ademar Rafael

ANTÔNIO GEDEÃO SILVA*

Oriundo de Quitimbú, povoado localizado na divisa dos municípios de Iguaraci e Custódia, veio no final dos anos 60 para Afogados da Ingazeira, com intuito de estudar e ajudar o cunhado Geni no bar localizado no sobrado da Praça Monsenhor Arruda Câmara. Com o tempo ganhou os nomes de Toinho de Geni, Toinho do Bar e Toinho da Moringa.

No lendário Ginásio Industrial fez parte da famosa turma de Boíba, época que o conheci ao chegar a Afogados, no ano de 1972. Desde então fui cliente assíduo do bar de Geni onde ao lado do amigo Dário, recentemente falecido, consumi muito Jurubeba com pipoca.

Ao lado de Amaro Pé de Pato e João Rato Branco, Toinho foi um cambista que zelava pela clareza na distribuição do jogo no pequeno talão. Fazer a conferência dos jogos dos três era muito fácil, a separação que eles faziam entre grupo, centena e milhar ganharia a ISO 9000 com destaque.

Respeitando o limite que somente as pessoas de muito bom censo são capazes de utilizar Toinho tirava o couro dos torcedores do Náutico e do Santa Cruz quando o seu Leão da Ilha ganhava um clássico. Sempre teve
disponibilidade para divulgar times e atletas locais. Nas paredes da Moringa você encontrava fotos do Guarani, do Ferroviário, do Santa Cruz de Ninô e tantos outros times e atletas.

Era extremamente zeloso com as mesas de sinuca e do bar. As primeiras sempre mais verdes que os campos citados por Agnaldo Timóteo em relação a sua Caratinga, e as últimas sempre limpas e prontas para receber o próximo cliente.

Muitas vezes Luizão, carioca que trabalhou no Banco do Brasil, falou: “Esse Toinho é disparado o dono de bar mais cuidadoso que conheço”. E olha que ele tinha como concorrentes Celso na Gruta da Praça, Seu Luiz de Ernesto no bar da Paulo Guerra, Fernando no Pilão, João no Cortiço e Ziu na Toca da Codorna.

Como não poderia ser diferente, possuía uma paciência de Jó para tratar os que se excediam na bebida, nunca vi Toinho tratar mal um cliente. Quando carecia tomar uma medida moralizante ele o fazia sem desrespeitar ninguém.

Foi um sertanejo que venceu com suas próprias pernas, deixando o legado que devemos fazer tudo com dedicação e agregando nosso jeitão em cada gesto ou ação. Nos anos 90, quando passava por Afogados sempre visitava Toinho na Moringa e ele imediatamente servia uma dose do famoso vinho com pipoca. Obrigado amigo Toinho, você faz parte da história da centenária Afogados da Ingazeira

(*) – Publicado originalmente no site www.afogadosdaingazeira.com.br, como Pessoas do meu Sertão XIX.


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