IRMÃOS DAS RUAS
Por Ademar Rafael
Uma das maiores chagas que o cotidiano urbano nos “oferece” é a cena dos moradores de rua. Antes esse fenômeno social era verificado somente nas grandes cidades, hoje faz parte da “paisagem” até de cidades de pequeno porte. A poética urbana de Adoniran Barbosa em “Saudosa Maloca” e as crônicas cariocas é cosia do passado a situação atual é sem poesia e sem os encantos de literários dos cronistas da antiga Capital Federal.
A omissão plena do Estado pela ausência de políticas públicas que atuem nas causas é de certa forma abrandada com as ações de voluntários de congregações cristãs que atuam diretamente nos efeitos. Aqui entendido como a fome, a falta de higiene pessoal e de abrigo e a exposição ao frio sem qualquer proteção.
O pior de tudo é que os voluntários que atuam nas obras destinadas aos moradores de rua escutam repetidamente de pessoas abordadas com pedido de ajuda as seguintes frases: “Larguem isto, são bandidos”, “Não dou dinheiro para vagabundos”, “Não ajudo drogados”, etc.
Nos dias atuais três fatores contribuem para aumento das legiões de moradores de rua. As drogas, o desemprego e o abandono das famílias. Na maioria dos casos um deles motiva o outro e assim segue o agravamento da “chaga”.
Existe solução? Tenho certeza que sim. A união entre o primeiro, o segundo e o terceiro setor da economia para criação de abrigos com a simultânea ocupação de todos com idade e condições de trabalho sanariam grande parte do problema. Nas oficinas poderiam ser fabricadas fardas e bolsas para uso nos escolas do ensino básico e fundamental, sacolas para compras de supermercados e outros artefatos comuns e de uso permanente pela população. Com o tempo as atividades seriam ampliadas e o volume produzido alcançaria escala chinesa. Quem inicia?