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Crônica de Ademar Rafael

DUPLO APRENDIZADO

Sempre que me recolho para lembrar boas coisas do passado dou de cara com dois programas radiofônicos apresentados por Dom Francisco, pela Rádio Pajeú de Afogados da Ingazeira – PE e Dom Hélder Câmara, por meio da Rádio Olinda.

Ouvir “A nossa palavra” na emissora de Afogados da Ingazeira ou “Um olhar sobre a cidade” na rádio de Olinda era um duplo aprendizado. Os dois, fiscalizados pelo regime da época, expressavam seus pontos de vista sem medo de represálias.

Aos textos de Dom Francisco nunca tive acesso após sua morte, parte das crônicas de Dom Hélder estão no livro publicado pela editora Civilização Brasileira, estes últimos reli no início da quaresma e sobre eles focarei esta crônica.

Dom Hélder indaga na crônica “Lua crescente, lua cheia e lua minguante…”: “Porque, então, não temos paciência uns com os outros e não nos ajudamos mutuamente?” e encerra com “Faz escuro, mas eu canto”, extraído de livro de Thiago de Melo. Na meditação “Vencer e convencer” é assim iniciada: “Mais difícil, mais humano e mais belo que vencer, é convencer. Vencer está ao alcance dos animais, convencer, não…”. Em “Falar, arte difícil” o Arcebispo de Olinda nos manda ler “Domínio sobre a língua”, terceiro capítulo de Tiago e afirma: “Como aprecio quem é capaz de conversar animada e alegremente, sem alfinetadas, sem tesouradas e, claro, sem golpes de foice”.

Herdando o termo da obra de Zé Marcolino, garanto que “nesta vida humana” não encontrei uma pessoa capaz de se aproximar de Dom Hélder no quesito “humanamente tão perto das pessoas e espiritualmente tão perto de Deus”. Nós que tivemos a oportunidade de usufruir da sabedoria destes dois homens de Deus temos a obrigação de publicar, sempre que possível, o que aprendemos com eles.

Por: Ademar Rafael


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