A importância em vivenciar o luto
Para se vivenciar o luto não existe receita pronta, pois o modo como reagimos e o vivenciamos pode ocorrer diferentemente para cada um de nós. De fato a morte e o luto estão inevitavelmente presentes em nossas vidas e é um processo que pode resultar a partir da perda de algo ou alguém.
Eventos como o rompimento da barragem de Brumadinho, no inicio do ano, ou o falecimento do Cantor Gabriel Diniz, nesta semana, podem gerar um luto coletivo. Porém, o luto não está relacionado apenas ao falecimento de alguém, mas também à perda de um emprego, ao fim de um relacionamento ou finalização de uma fase da vida.
Comumente, quando as pessoas recebem a notícia de que alguém morreu, principalmente quando é um evento trágico e repentino, se sentem chocadas e tentam negar o ocorrido. Essa sensação pode durar horas ou até uma semana. Depois disso, o sentimento muitas vezes é de tentar trazer de volta a pessoa amada, chegando até sonhar com ela. Depois, podem ser tomados pela culpa e ansiedade, pelo desespero, desorganização e sentimento de abandono.
Após esses momentos de angústia, raiva e tristeza, aos poucos a pessoa que está passando pelo processo de luto consegue se reestabelecer. A saudade fica, as lembranças também. Mas já se consegue retomar as atividades e se reorganizar. A perda de alguém importante é sem dúvida um fator gerador de muito estresse e pode trazer inúmeras repercussões.
Nesses momentos o melhor é se permitir viver a transformação gerada pelo adeus. Não há uma forma mais eficaz de experienciar o luto, é importante que o sentimento de perda seja legitimado e que não negue a dor e o sofrimento do outro. Por isso, a família precisa se apoiar e fazer valer essa fase de reconstrução .
Contudo, há situações em que a pessoa que perdeu o ente querido não consegue chegar à fase de ressignificação e fica presa à ânsia pelo retorno da pessoa perdida, a raiva, a saudade e as dúvidas de que aquela morte realmente aconteceu ou não. Nesses momentos é importante procurar apoio psicológico, principalmente quando há o desinteresse pelas atividades do dia a dia e a pessoa não consegue lidar com a perda por um período de tempo significativo.
Janaína Maria G. Fonsêca Tolêdo. Psicóloga, Pós-graduada em Saúde Pública, Saúde Mental e Dependência Química. Foi Residente do Programa Multiprofissional de Saúde Mental do IMIP. Terapeuta em EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing). Título de Especialista em Psicologia Clínica pelo CRP/PE. Mestra em Hebiatria. Atende na Clínica Mayhara Pires, em Afogados da Ingazeira, toda quarta-feira.