PADRE IBIAPINA
Os traços de comportamento e as práticas presentes nas transcrições abaixo, extraídas de livro de Padre José Comblin, provam que nosso país padece de doenças crônicas há muito tempo.
A primeira: “Sempre chamou a atenção pelas suas qualidades profissionais e morais. Assumiu a defesa dos injustiçados com paixão. Acreditava no direito e na justiça e queria que reinassem na sociedade nordestina e brasileira. Entrou em conflito com uma sociedade elitista e tradicional, ode as relações sociais tradicionais eram mais fortes do que do que as leis ou a justiça que se aprende na faculdade.” A segunda: “A sua palavra era incisiva, até mesmo agressiva. Ele não aceitava a ilegalidade, a corrupção, os abusos, as manobras dos governantes para
contornar a lei. Era rígido na aplicação das normas morais e jurídicas. Não aceitava o jogo tradicional dos poderes. Queria uma reforma moral do governo.”
Estes fatos ocorreram entre os anos de 1830 e 1850 e foram os motivos que levaram cearense de Sobral José Antônio Pereira Ibiapina a abandonar as atividades jurídicas nos exercício dos cargos de advogado e juiz e política na condição de Deputado Federal e tornar-se José Antônio de Maria Ibiapina, o Padre Ibiapina.
Após curto espaço de tempo atuando como padre, vigário-geral e professor em Recife e Olinda o Padre Ibiapina embrenhou-se pelo sertão para realizar a sua grade obra, as Casas de Caridade, além da construção de hospitais, cemitérios e igrejas. Por não rezar na cartilha da igreja romanizada foi perseguido. Os benefícios das suas ações alcançaram muitos nordestinos. Mesmo com processo de beatificação em andamento poucos conhecem sua história, outra doença crônica: “Não valorizamos quem deveríamos valorizar e enaltecemos quem deveria ser esquecido.” Fabricam heróis falsos e compramos como verdadeiros.
Por: Ademar Rafael