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Reforma da Previdência de Bolsonaro prejudica mais pobres e não vai passar no Congresso, avalia Humberto

Atento às primeiras movimentações do governo Bolsonaro, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), declarou que o partido não irá apoiar propostas de reforma que jogam a conta do déficit público nas costas dos trabalhadores mais indefesos e isenta os grandes sonegadores fiscais do país. Ele avalia que parte da base aliada da nova gestão no Congresso também deverá sair dividida diante do projeto impopular já circulado pelo Planalto, cuja aprovação pelos parlamentares é improvável.

O líder do PT entende que o governo terá dificuldades para aprovar uma reforma da Previdência que exija mais dos trabalhadores, como aposentadoria integral apenas com 40 anos de serviços prestados, e menos de empresas sonegadoras do INSS, que, juntas, devem mais de R$ 426 bilhões e às quais o governo está oferecendo isenções previdenciárias de R$ 54 bilhões.

“Como explicar isso para a população? As pessoas irão cobrar posicionamentos de deputados e senadores. É um tema muito sensível e que trata de justiça social, diferente, por exemplo, das questões de segurança pública e combate à criminalidade, que têm mais apelo para a sociedade e a base governista”, acredita.

Para o senador, a reforma do sistema previdenciário é necessária para equilibrar os cofres do Estado e tornar a Previdência Social sustentável no futuro, mas os pontos que atentam contra os interesses dos trabalhadores e do povo mais pobre serão questionados pela oposição e devem ter muita dificuldade para serem aceitos pelos próprios aliados de Bolsonaro.

“É preciso reformar a Previdência? Com quase toda certeza, podemos dizer que sim, mas quem vai pagar? Vamos jogar essa conta no trabalhador, nos servidores públicos, ou nos grandes privilegiados, no problema da sonegação das contribuições sociais?”, questionou.

Segundo o parlamentar, vale lembrar o exemplo da reforma trabalhista, que era colocada pelo governo Temer como uma alavanca na geração de emprego, mas que, na verdade, acabou produzindo uma verdadeira precarização das condições de trabalho e não reduziu o desemprego, hoje estacionado em 13 milhões de brasileiros.

Humberto diz que vai esperar a proposta chegar oficialmente ao Legislativo para identificar as questões problemáticas e também aquilo que pode ser objeto de uma avaliação favorável por parte do PT.

“A população determinou que o nosso espaço é o da oposição, que cumpre papel importante de cobrar, fiscalizar e apresentar propostas alternativas. Vamos trabalhar nessa linha, entendendo que temos a apresentar ao país um projeto frontalmente diferente do de Bolsonaro. Vamos defender o que achamos que é o que a população deseja e quer. Não teremos nenhum problema de confluir no momento em que houver essa possibilidade, desde que seja do interesse do povo”, ressaltou.


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