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Crônica de Ademar Rafael

MARIA DA PAZ SOUZA*

Os que tiveram oportunidade de assistir Paizinha, nos matinês do Cine São José, viam naquela linda menina um diamante em fase de lapidação. Seu talento superava os concorrentes.

Veio o conjunto “Os Unidos”, maravilhoso invento de Seu Dino. Ali nossa grande cantora ao lado de Toinho Tarê, João do Baixo, Chagas e Edson Pilão trouxe alegria às tertúlias do Pajeú.

Foi levada para Marajoara de Sertânia onde, em parceria com Charuto, levou muitas pessoas aos bailes. Suas intervenções eram um espetáculo à parte. O sucesso extrapolava os limites do Pajeú, tornava-se, portanto,
um nome regional. Seu primeiro trabalho em disco trouxe uma interpretação de Súplica Cearense que o mais radical crítico dificilmente achará um ponto falho.

No velho continente reforçou seu potencial artístico. Na volta, com a mesma voz doce, agreste e bela presenteou o mundo da música com dois belos CD. O nome Maria da Paz é agora conhecido em todo país. Com inteligência rara defende as bases musicais que acredita. O asfalto não matou a Paizinha de Afogados.

Não vende de mesmo tanto das musas do axé. Não é sócia do programa do Faustão. Sua química é outra. Ouvir Maria da Paz é dar um presente para alma.

Quando deixei Afogados em 1982 recebi como presente de Leni, colega de Banco, uma fita com as músicas do primeiro LP de Maria da Paz. Foi durante muitos anos o único remédio que abrandava minha saudade. Sua
ida para outra dimensão deixa um vaco em nossos corações.

(*) – Publicado originalmente no site www.afogadosdaingazeira.com.br, e como Pessoas do meu Sertão X e no blogpenotícias à época do seu falecimento em julho-2018.


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