MANOEL JERÔNIMO NETO
Nos carrancudos anos 60/70, em Iguaraci, destaca-se Manoel Jerônimo Neto, agricultor, autodidata, poeta e sindicalista por excelência.
Antecipou-se e começou a desenvolver um trabalho de organização no meio rural, fazendo ressurgir o movimento esfacelado e sufocado pela revolução de 64.
Sua voz estridente dispensava megafone e suas idéias libertárias enfrentavam a ira de proprietários de terras que viam na figura de Manoel Jerônimo uma ameaça para seu estilo de gestão, baseado no favorecimento dos grupos dominantes e na exploração de mão-de-obra barata.
No campo poético Manoel Jerônimo travava embates com outros poetas da região no memorável programa no “Terreiro da Fazenda”, comandado por Waldecy Menezes.
Convivi com ele na qualidade de estudante em Iguaraci e posteriormente como funcionário do Banco do Brasil. Nesta segunda fase nas suas defesas para o atendimento dos pequenos produtores com crédito na hora certa e sem burocracia era visível o alto grau de inteligência. Suas veementes ponderações tinham sempre o viés social e eram dosadas de muita coerência.
Ideais defendidos por Manoel Jerônimo fortaleceram-se com o arremedo de volta da democracia, contudo, sofreram com ações dos governos entreguistas, no tocante a divisão de rendas. A subida do PT ao poder com certeza deu-lhe alegrias, a ruptura da mesma forma trouxe tristezas.O eco de qualquer grito do campo e em toda ação pelo direito a um pedaço de terra terá fragmentos da voz do nosso líder sindical.
(*) – Publicada originalmente no site www.afogadosdaingazeira.com.br, como Pessoas do meu sertão IX