ROGACIANO BEZERRA LEITE
As pedras abundantes na região serviram de base para muralha poética representada por Rogaciano Leite. O mito de Itapetim foi qualificado por Terezinha Costa, na obra “São José do Egito – Musa do Pajeú”, como: “Cantador, poeta, orador, filósofo, jornalista e inteligência beirando a genialidade”. A jornalista Carlyie Martins, da Gazeta de Notícias do Ceará, assim definiu-o: “A musa de Rogaciano Leite veste-se da seda brilhante e
colorida das alvoradas e põe nos cabelos os grampos das estrelas e as fitas que têm as tonalidades dos crepúsculos”.
Demonstrou a rebeldia com sua terra na estrofe a seguir, em resposta a Lourival Batista. Disse Louro: “Não maltrates tua terra/Rogaciano sossega/Ela é mãe e tu és filho/Paciência meu colega/Filho que fala de mãe/morrendo o diabo carrega”. Respondeu Rogaciano: “De fato caro colega/Sua razão não se some/O diabo carrega o filho/Que da mãe manchar o nome/Mas também carrega a mãe/Que mata o filho de fome”. No “Poema da minha terra” ele deixou uma verdadeira declaração de amor ao Pajeú. “…. Ah! Que tempo de alegria/quando bebendo poesia/de calça curta eu corria/à margem do Pajeú/comendo jabuticaba/melão, mamão e goiaba/Cambuí, jambo e quixaba/maracujá e umbu…”
Encontrou reconhecimento em Fortaleza e em pagamento ao carinho do povo do Ceará, deixou vários poemas, destacamos “Ceará Selvagem” e “Pirambú”. Seus trabalhos “Acorda Castro Alves” e “Trabalhadores” são revestidos de revolta presente apenas nas obras dos rebeldes imortais e relatam tragédias provocadas pelo homem, contra ele mesmo.
Certa vez um barbalhense confidenciou-me que Rogaciano encantava todos que lhe ouvia, porém morrera levando consigo uma paixão maior que as estrofes de “Eulália”. Nenhum espaço é suficiente para decifrarmos a obra de Rogaciano.