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Aos 84 anos, morre ator e diretor José Pimentel, o eterno Jesus

JC Online

O ator, diretor, dramaturgo, produtor e professor aposentado de Teatro da UFPE José Pimentel faleceu hoje, aos 84 anos, após seis dias internado na UTI do Hospital Esperança Recife, na Ilha do Leite, em decorrência de um enfisema pulmonar. O eterno intérprete de Jesus Cristo da Paixão de Cristo do Recife e precursor da Paixão de Nova Jerusalém foi internado no dia 8 de agosto em decorrência de um enfisema pulmonar. No sábado, ele passou a respirar por ajuda de aparelhos e a fazer hemodiálise. Ele deixa a esposa Marinete e a filha, Lilian Pimentel.

A saúde de Pimentel começou a dar sinais de fragilidade em 2016, quando ele se submeteu a uma cirurgia de hérnia inguinal e teve uma piora em seu quadro clínico quando estava prestes a receber alta, sendo constatada uma embolia pulmonar. Na época, ele ficou cinco dias na UTI. Recuperado, voltou suas atenções à Paixão de Cristo do Recife e à peça Massacre de Angicos – Morte de Lampião, em Serra Talhada.

Resistência
Resistência é a palavra que define Pimentel em seus últimos anos, quando lutava contra as adversidades para se manter, íntegro, como um homem de teatro. A grande dificuldade foi vencer o desafio de colocar a Paixão do Recife nas ruas, espetáculo algumas vezes ameaçado de não acontecer, inclusive na última edição, por questões orçamentárias. O ator e diretor encerrou a temporada deste ano prometendo melhoras. “Vamos tirar algo bom desses problemas. Tenho muita vontade de voltar com algo novo e espero que a equipe não perca o fôlego. Não quero deixar a Paixão morrer”, declarou, à época.

Para grande parte dos atores, dar vida ao mesmo personagem por longo tempo é correr o risco do estigma. Ficar marcado por um papel não permitiria a versatilidade, a capacidade de mimese e transformação exigida pela profissão. Para Pimentel, o risco jamais se configurou num problema. Ele viveu Jesus Cristo desde 1978. Começou na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém e seguiu até 1996.

No ano seguinte, organizou a Paixão de Cristo do Recife, seguindo no papel até 2017, quando se viu obrigado, após 40 anos, a ser substituído pelo ator Hemerson Moura na edição 2018. A versão do Recife começou no Estádio do Arruda, chegou a ser realizada no Clube Português, e se mudou para o Marco Zero. Pimentel viveu sua própria via-crúcis ao tentar implementar sua visão à obra em meio à dificuldades de patrocínio e críticas à sua idade. No entanto, como afirmou, esta cruz ele carregou até o fim.


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