PIOR DO FALAVAM
Por inúmeras vezes assisti debate de alunos sobre a prova do ENEM. Poucos destacavam pontos positivos e muitos davam relevo aos pontos negativos. Sem ter massa crítica para entrar nos debates sempre alimentei a ideia de fazer o exame para tirar a prova dos nove. No certame de deste ano veio a oportunidade e nos dias cinco e doze de novembro respondi as questões e fiz a redação.
Agora, mesmo estando plenamente aberto para críticas e discordância com o teor desta crônica, posso afirmar o formato do ENEM é muito pior do que meus alunos falavam. Vamos aos fatos e aos dados que considero relevantes para emissão desta opinião.
O terror começa antes da prova. Ao imprimir o Cartão de Confirmação de Inscrição e ler as instruções nele contidas o candidato depara-se com o texto “sob pena de eliminação do Exame” sete vezes. Em nome da segurança no interior da sala a vigilância superar tudo que existe em um presídio de segurança máxima.
No exame destaque para o tema da redação, “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. O assunto pode até não fazer parte do cotidiano da esmagadora maioria dos concorrentes, mas, é de extrema importância para convivência harmônica e humanizada entre os diferentes. Cabe, no entanto, registrar que o gráfico os textos motivacionais pouco contribuíram para facilitar a vida dos que detinham pouca informação sobre a matéria.
As demais questões da prova superam os limites da razoabilidade, são enunciados longos e complexos cujo nexo com as respostas passam por uma maratona de leitura e interpretação.
Como a finalidade do certame é eliminar o maior número possível de concorrentes, não há modelo melhor. A complexidade dos quesitos e a falta de conexão com o que ensinado regularmente representam facas amoladas para cortar cabeças. A limitação de vagas disponíveis e a quantidade de concorrentes exigem o corte rasante que o ENEM provoca.