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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

BETINHO

Quando vejo jovens, montados no imediatismo de redes sociais, reivindicando uma intervenção militar no Brasil lembro parte da letra da música “Esses Moços”, de Lupicínio Rodrigues: “Esses moços, pobres moços / Ah! Se soubessem o que eu sei …”. Este conselho do compositor gaúcho serve para que referidos jovens abandonem a ideia da militarização do poder e releiam a obra de Betinho para que suas mobilizações pensem no coletivo, no país e em um mundo melhor.

A ação do sociólogo e ativista dos direitos humanos Herbert José de Sousa não se restringe ao projeto Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida. Sua voz baixa gritava alto nos ouvidos dos defensores do capitalismo brutal que defendem o “mercado” e esquecem das pessoas e incomodava muito.

O pensador e ativista pernambucano Josué de Castro, em sua obra “Geografia da Fome” afirmou que a abordagem do tema “fome” era algo proibido na civilização acidental. Betinho provou que por meio de política pública e ação da sociedade este mal poderia desaparecer do cenário.

Em agosto de 1997 quando o mineiro Betinho faleceu o seu chamamento estava em pleno vapor pelo no interior do Brasil. Inúmeros comitês estavam formados, funcionários do Banco do Brasil mobilizavam comunidades e contavam com apoio de membros da igreja católica e de outras entidades.

A frase “Quem tem fome, tem pressa” tantas vezes repetida por Betinho foi utilizada em vários palanques eleitorais e levou muita gente ao poder. Pena que ao ocuparem os cargos tiveram mais pressa em enriquecer do que matar a fome dos excluídos de tudo.

Jovens que nasceram após o falecimento do irmão de Henfil, que ocupam ruas e redes sociais com ideias intervencionistas, têm todo direito de lutar por uma nação decente. Contudo, caso fossem contaminados com os ensinamentos de Betinho seriam lembrados como uma geração que mudou o país. Pensem nisto, a hora é agora, amanhã pode ser tarde.

Por: Ademar Rafael


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