Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) subiu à Tribuna do Senado, na tarde de ontem (22), para defender o aprofundamento do debate sobre a possibilidade de abertura do controle acionário da Eletrobras. Ao posicionar-se favorável às medidas anunciadas hoje pelo Ministério de Minas Energia (MME) voltadas à recuperação da empresa, o senador destacou que o objetivo do governo é “materializar um caminho para o rápido retorno dos investimentos em uma área tão estratégica para o desenvolvimento nacional”.
“A partir das possíveis mudanças, a Eletrobras, ao adotar práticas consagradas de governança corporativas e com base forte de acionistas, também se tornará uma empresa altamente competitiva a nível nacional e internacional”, afirmou o líder do PSB e vice-líder do governo no Senado. “O que o Ministério de Minas e Energia deseja é reproduzir no setor elétrico nacional a experiência exitosa da Embraer e da Vale do Rio Doce, por exemplo”, completou.
Ao elencar as causas dos prejuízos financeiros contabilizados pela Eletrobras no decorrer dos últimos anos e que também contribuíram para a piora do ambiente de negócios no setor elétrico, Fernando Bezerra explicou que a proposta do MME de “acabar com as amarras características de uma estatal federal” e de pulverizar o capital da empresa é devolver a capacidade da Eletrobras de voltar a investir, tornar-se mais eficiente e valorizar os funcionários, além de fortalecer o mercado de capitais e o ambiente de negócios, neste segmento. Como consequência, este processo também irá, na avaliação do senador, gerar mais dividendos e arrecadação ao país, contribuindo para o ajuste fiscal.
“As ações da Eletrobras já valorizaram mais de 40% num único dia. Só com o anúncio dessa iniciativa a Eletrobras está recuperando mais de R$ 10 bilhões do valor de mercado”, ressaltou Bezerra Coelho. Na Tribuna, o senador observou que, segundo estudos de mercado, a Eletrobras causou, no decorrer dos últimos 15 anos, um prejuízo em torno de R$ 200 bilhões aos cofres públicos. “E isso foi fruto de uma série de decisões equivocadas ao longo desses anos”, disse.
AMPLO DEBATE – Para o líder, é importante que o debate sobre os novos rumos propostos à empresa seja aprofundado nos segmentos político, técnico e social. “Para se saber a melhor forma de encaminhar a superação dos problemas do setor elétrico e, sobretudo, a melhor forma de valorizar os ativos que pertencem não ao governo; mas, ao povo brasileiro”, afirmou.
O senador também lembrou que a Eletrobras produz cerca de 30% da energia do país. “Ou seja, mais de 70% são outros atores, empresas privadas e algumas empresas públicas. Já existe, portanto, no setor de produção de energia elétrica, uma forte presença privada; especialmente, nas áreas de energia eólica, solar e e das térmicas movidas a gás ou a óleo combustível”, observou.
SÃO FRANCISCO E RENOVÁVEIS – De acordo com Fernando Bezerra Coelho, a proposta do Ministério de Minas também prevê que a nova Eletrobras terá como mandato específico a revitalização e a recuperação do Rio São Francisco. Além disso, conforme destacou o líder, a atual Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) passará a ser a entidade responsável pela produção de energias renováveis no país, como a eólica e a solar.