SEM LUZES E SEM TÚNEIS.
O possível exagero do título desta crônica tem origem no paredão de mármore que o gestor público brasileiro tem diante de si atualmente.
Como se os problemas estruturais não fossem suficientes para tirar o sono dos administradores públicos eis que surgem três fatos para torrar os limites da paciência e da capacidade de gestão.
O primeiro é uma imprensa movida por interesses financeiros que se acha no direito de destituir quem entender. A preservação da fonte possibilita que notícias reais ou fantasiosas caminhem juntas na perspectiva de desestabilizar qualquer governo. Limite não é censura é equilíbrio.
O segundo é a decantada “opinião pública”. Que se altera com a mesma velocidade da mudança de uma biruta de aeroporto em dia de ventos fortes e apresenta-se de acordo com interesses pessoais e de grupos em prejuízo aos interesses de toda comunidade.
O terceiro é a clara guerra entre os poderes constituídos – Executivo, Legislativo e Judiciário – cuja independência repousa na literatura. Cada um defende pontos de vista dispares e quando questionados afirmam que agem em sintonia com a “opinião pública”.
Esmagadora maioria dos nossos governantes, após a mentirosa redemocratização, agem de forma pouco republicana. Tais ações fertilizam o terreno para que as três “forças” acima mencionadas nasçam, floresçam e produzam frutos.
A instabilidade que deriva dos erros dos gestores com adição dos três ingredientes sob comentário levam a uma ingovernabilidade por falta de saídas ou luzes ao seu final. É o preço das escolhas indevidas.
As soluções passam por um profundo reordenamento político, jurídico e social cujos atores não tem a menor interesse em realizar. É possível que caminhemos à deriva até o caos total. Como existe uma teoria que “do caos vem a ordem” é nela que devemos apostar nossas fichas.
Por: Ademar Rafael