SEMIÁRIDO
Os interessados em uma visão critica sobre as politicas publicas desenvolvidas ao longo do tempo para mitigar os efeitos da estiagem no semiárido leiam o livro “Dom Sertão, Dona Seca”,escrito por um filho de Princesa Isabel, na Paraíba.
Luiz Augusto Crispim ao apresentar a obra afirma: “Em vez de palanque eleitoral, o povo da Paraíba, em particular, e do Nordeste em geral, devia, todo ano, marcar hora e lugar para ler Dom Sertão, Dona Seca de Otávio Sitônio Pinto, na praça principal de Princesa Isabel, de Mossoró, do Recife e do resto desse mundo de Deus, mas também do diabo na terra do sol”. Seu conselho deriva do costume dos gregos que liam em praça pública, em tom de comício.
O autor, baseado em estudos profundos e no conhecimento sobre o tema, atesta no ensaio que antes de tentarmos mudar as características da região devemos desenvolver atividades compatíveis com as suas características naturais e sua aptidão. A base das medidas propostas seguem, de perto, os ensinamentos do nosso conterrâneo José Artur Padilha com seus experimentos no município de Afogados da Ingazeira.
Aponta a obra que a ampliação da região conhecida como polígono das secas para o litoral e outros estados fora do Nordeste não passou de uma manobra política para alcançar com incentivos fiscais os aliados das autoridades que aprovaram a medida. E sem ficar em cima do muro emite opiniões, como as abaixo, sem medo das discordâncias. “A lavra predatória do arado e do fogo são o cangaço da terra”. “Transpor o Chico é como aterrar o Pantanal com o Planalto Central”. “O diluvio milagroso do São Francisco não resolveu a seca nem em sua ribeira”. “Chuva é água, mas água não é chuva”.
Apesar do principal objetivo do ensaísta ter sido analisar a área por ele denominada como SAIR–Semiárido Irregular, o autor fez registros da política, do cangaço, do poder dos coronéis, da mineração e d’outros assuntos que traduzem nossa rica história de lutas a sacrifícios.
Por: Ademar Rafael