Para salvar o mandato do senador afastado Aécio Neves (MG) e garantir os cargos que ocupa no governo, o PSDB decidiu manter o apoio ao presidente não eleito Michel Temer (PMDB), que deve ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), nos próximos dias, por crimes cometidos no exercício do mandato. Para o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), a posição do PSDB demonstra o oportunismo do partido e o acordão de sobrevivência costurado com Temer.
“O presidente nacional do PSDB , o senador Aécio Neves, está afastado do comando do partido, por decisão dos seus pares, e do próprio mandato, por decisão da Justiça. Para que ele não seja cassado com os votos do PMDB, os tucanos decidiram manter o apoio a Michel Temer. Em troca, ainda mantêm os três Ministérios, os cargos e outras vantagens que vêm recebendo fartamente do Planalto”, analisa Humberto.
Acusado de obstrução da Justiça e com um pedido de prisão aguardando julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), Aécio Neves vê o risco de ter o mandato cassado pelos colegas. Para garantir o voto contrário à cassação da maior bancada da Casa, o PMDB, o senador afastado tem exigido do seu partido que sustente o governo até as últimas consequências.
A postura tem recebido críticas de muitos integrantes do partido, que defendem a ruptura com Temer na tentativa de se desvincular de uma gestão com 96% de rejeição e salvar a própria pele. Contrariados, muitos têm ameaçado se desfiliar da legenda, seguindo a linha do jurista Miguel Reale Júnior, autor do pedido que fundamentou o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, que anunciou sua saída do PSDB.
“É um abraço de afogados. O Ministério Público e a Justiça estão no calcanhar desse governo e, não demora muito, Temer vai cair de um jeito ou de outro. Se não renunciar, será agarrado pela lei. E, quando cair, vai levar junto o PSDB, que é mentor, patrocinador, fiador e partícipe dessa camarilha que tomou o Brasil de assalto”, diz Humberto.
“É por isso o enorme medo que eles têm de eleição direta. Sabem que, assim como Temer, são absolutamente detestados pela população e não teriam êxito nas urnas. É a razão pela qual, quando Temer cair, eles quererem eleger um novo presidente ilegítimo por meio de eleições indiretas”, conclui o líder da Oposição.