Por: Pedro Alves – G1.PE
Ao menos 25 mil folhas de papel estão sendo economizadas a cada trimestre na Escola Técnica Estadual Miguel Batista, na Zona Norte do Recife. Isso foi possível por causa da implantação de um programa informatizado para aplicação de provas, desenvolvido por um dos professores da instituição. Agora, em vez de imprimir as milhares de exames escolares, os professores utilizam um software online gratuito para corrigir e até dar a nota dos 448 alunos da unidade.
O programa funciona por meio da plataforma gratuita ‘Moodle’, utilizada em cursos de educação a distância. O software foi idealizado em dezembro de 2016 e implantado na última semana de janeiro deste ano, com a ajuda de estudantes da escola.
Com as avaliações sendo feitas de forma eletrônica, os professores, que abraçaram a ideia de forma unânime, não precisam mais imprimir as provas nem fazer correções, poupando tempo e dinheiro e diminuindo o impacto no meio ambiente.
Idealizador do projeto, o professor e coordenador dos cursos técnicos em Informática e Rede de Computadores, David Remigio, explica que praticamente não houve custo para a implantação do sistema na escola, que já tinha 80 computadores em três laboratórios.
O processo de implantação ocorreu com um projeto piloto, no começo do ano, e foi utilizado por completo no fim do primeiro trimestre letivo, no mês de março. As perguntas são de múltipla escolha, mas outras opções, como as de “verdadeiro ou falso” já foram implantadas no novo software.
As provas são aplicadas com estudantes de anos letivos diferentes no mesmo laboratório, para diminuir a possibilidade de trapaças. Cada professor precisa enviar ao menos o dobro do número de questões a serem aplicadas em cada prova, que serão aleatoriamente enumeradas, com as alternativas de cada questão. Já na preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os estudantes dispõem de um tempo específico para responder a cada questão.
Gestora da escola, Sheyla Ramalho explicou que, além do gasto com as folhas de papel, a escola também economiza com a manutenção da impressora, toners de impressão e até com energia elétrica, já que é preciso um sistema de refrigeração dos equipamentos, que esquentam ao imprimir muitas páginas.
“Cada prova que fazemos tem que ser contextualizada, no estilo Enem. Ou seja, uma prova de português ou de história tem, em média, quatro páginas. Tudo para ser jogado fora depois que os alunos veem a nota. Tínhamos um laboratório sem uso, com 40 computadores. A Secretaria de Educação forneceu a verba para o cabeamento que faltava e os próprios estudantes tiveram uma aula prática de infraestrutura. O dinheiro vai poder ser gasto em recursos para os próprios estudantes”, disse Sheyla.
Sobre a possibilidade de implantação em outras unidades escolares do estado, o professor explica que é preciso que as escolas interessadas tenham quantidade de computadores suficiente para aplicar as provas no esquema de rodízio, como ocorre na Escola Miguel Batista. “Todo mundo aplica prova, então, todo mundo tem esse problema, mas tem que ser estudado. Nem toda escola tem estrutura para isso, mas faria uma diferença enorme”, finalizou David.
Depois de aderir ao projeto, o professor de biologia Misael Rodrigues diz que, para o corpo docente, o maior ganho é no tempo. “Levávamos mais de uma semana para fazer as correções das provas. Sendo instantânea, é um grande avanço. Trabalhamos com prazos para apresentar à Secretaria de Educação, o que diminuiu para dois dias. Rapidamente, os estudantes já têm acesso ao gabarito e a notas”, disse o professor.
A estudante Beatriz Santos, 15 anos, aluna do curso técnico em Informática, considera o aprendizado como um dos pontos positivos da medida. “Respondemos mais rapidamente, sem a preocupação de copiar o gabarito de volta para a prova. Antes, precisávamos perguntar aos professores quanto tempo restante tínhamos. Agora, isso aparece na própria prova. Quem dera o Enem fosse assim”, disse.