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GOVERNO DE OPOSIÇÃO VIVEM CLIMA DE GUERRA NA ALEPE

“Frouxo”, “covarde”, “chantagem”, “carapuça”. Os termos pouco decorosos viraram regra na Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde desde o início do ano governo e oposição têm travado virulentos bate-bocas. Em três ocasiões, a oposição se retirou do plenário ante o desentendimento sobre o reajuste da Polícia Militar. Parlamentares do governo, por sua vez, boicotaram a primeira sessão com a presença dos PMs. Beligerantes, os embates mostram que os dois lados estão empenhados em fazer de 2017 uma prévia dos palanques de 2018. Nos bastidores, a leitura de deputados ouvidos pelo JC é que o tom duro da relação deve perdurar ao longo do ano.

Para a oposição, a relação se deteriorou com a chegada do novo líder do governo, Isaltino Nascimento (PSB), cujo perfil é de ir para o embate com mais força do que o antecessor Waldemar Borges (PSB). Mesmo na bancada do governo, há quem descreva Isaltino como o homem do “enfrentamento”, enquanto Waldemar priorizava “acordos e conversas”. Foi o novo líder que coordenou a votação a toque de caixa do projeto da PM e a estratégia de desqualificar as críticas da oposição, acusando o grupo de incitar a sensação de violência.

A postura de Isaltino atende a uma estratégia do governador Paulo Câmara (PSB) de reagir nos dois últimos anos antes da reeleição. Na Alepe, onde havia focos de descontentamento com o Palácio, a base aliada costumava deixar apenas em Waldemar a defesa do governo e, não raro, críticas da oposição ficavam sem resposta alguma quando ele não estava no plenário. Com Isaltino, o governo montou um ritual de reaproximação da base que tem dado resultado. Deputados que costumavam mostrar pouca reação, se engajaram na aprovação do reajuste da PM. Romário Dias (PSD), que era apontado como um “rebelde”, assumiu a frente da defesa da proposta, mesmo sob forte resistência das associações de policiais militares.

PRÉVIA DE 2018
Na política, a briga quase diária é lida como uma prévia da eleição majoritária de 2018, com os grupos do governador, dos ministros Bruno Araújo (PSDB) e Mendonça Filho (DEM) e do senador Armando Monteiro (PTB) se movimentando através do Legislativo. Para parlamentares, há um elemento adicional que atrapalha uma pacificação da Casa: a necessidade eleitoral dos principais atores. Em 2014, Isaltino ficou na quarta suplência para deputado. O líder da oposição, Silvio Costa Filho (PRB), ensaia uma candidatura a deputado federal no próximo ano. E todos os 49 deputados estarão sujeitos às urnas.

Líder do governo, Isaltino Nascimento diz ter buscado o entendimento em momentos de diálogo, como na composição das comissões da Casa, e será sempre buscado. Ele defende, porém, que as discussões se deem no campo da política, evitando termos pejorativos. Já Silvio Costa Filho, que organizará eventos da oposição em todo o Estado para se contrapor às visitas do governador Paulo Câmara, diz que sendo o terceiro ano de gestão, é o momento de cobrar obras não entregues. A oposição promete ter o melhor diálogo possível, mas cobra que o governo tenha humildade de compreender que a oposição é necessária.

Presidente da Comissão de Ética da Alepe, o deputado Tony Gel (PMDB) lembrou que os embates são próprios do parlamento. “A gente lamenta os excessos, que devem ser evitados pelos colegas. E esses termos devem ser retirados das notas taquigráficas”, defendeu. (JC ONLINE)


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