BR-230
A rodovia Transamazônica, obra de destaque da dupla Médici e Andreazza nunca foi unanimidade. No livro “Estranhas Catedrais – As empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar, 1964-1988”, de autoria do professor Paulo Henrique Pedreira Campos, encontramos duas avaliações que merecem destaque.
Para Roberto Campos a rodovia ligaria “a pobreza à miséria”, pois, uniria o sertão árido do nordeste ao deserto úmido da Amazônia. Geisel, o sucessor de Médici, taxou a obra como “um fracasso”. Vejam que as críticas foram feitas por pessoas ligadas ao movimento que retirou Jango do poder e jogou o país na escuridão.
Cabe o registro que Roberto Campos defensor incansável dos interesses dos Estados Unidos e Geisel patrocinador do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha apresentaram-se como críticos ao projeto de integração desenhado pelo governante anterior. A equação para o exterior a essência e para o Brasil as migalhas estava no DNA de cada um deles.
Conheço palmo a palmo do trecho da BR-230 que liga Cabedelo-PB a Altamira-PA e posso afirmar que o problema não é a rodovia e sim os seguidos boicotes que ela sofreu. Para início de conversa a perspectiva de integração nacional nunca saiu do papel, a parte com asfalto contínuo esbarra na divisa de Tocantins com o Pará. A partir daí é um misto de asfalto ruim e terra, intransitável na época das chuvas.
Ao ler o livro acima citado constamos que além da relação “incestuosa” entre as grandes empreiteiras e o Estado brasileiro, causadora de sérios danos à nossa falida economia, a indústria das obras inacabadas e pagas
indevidamente tem impactos muito mais nocivos aos cofres públicos.
Pena que a BR-230 não mereceu o respeito que JK deu para BR-010 – Belém-Brasília, caso isto tivesse acontecido em seu percurso encontraríamos várias cidades de grande porte e o sonhado desenvolvimento. O projeto de nação sempre fica embaixo das mesas de negociação em cima ficam os acordos espúrios e as negociatas.
Por: Ademar Rafael