O corte de recursos e a falta de apoio para projetos de Michel Temer (PMDB) à área de ciência, tecnologia e inovação gerou uma crise entre acadêmicos e o governo, e uma forte reação de outros setores. No Senado, o líder do PT, Humberto Costa (PE), criticou o que chamou de “extermínio” da ciência no Brasil.
“Estamos voltando à Idade das Trevas. Além de ter extinguido o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, o governo Temer também vem fazendo uma série de cortes que estão mudando de maneira drástica o cenário de avanço nessas áreas que estávamos experimentando no Brasil. Onde havia apoio, incentivo, programas, agora não há praticamente nada. Estão matando por inanição uma das mais importantes políticas de Estado porque é com ela que chegamos ao futuro”, afirmou o senador.
Segundo dados da Academia Brasileira de Ciência (ABC), o orçamento aprovado pelo Congresso para este ano prevê cortes e condiciona a verba à arrecadação. O total de bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) caiu de R$ 1,3 bilhão para R$ 1,1 bilhão. Se considerada a inflação de 7,18% do IGPDI (Índice Geral de Preços), o valor é ainda menor para fazer face aos desafios.
Levantamento realizado pelo jornal O Globo confirma o descontentamento da comunidade acadêmica com o governo Temer. O jornal entrevistou 100 cientistas renomados do Brasil e 84% se posicionaram contra a fusão do antigo ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o das Comunicações, de acordo com o que foi promovido pela gestão peemedebista. A pesquisa também revela que 23% dos pesquisados cogitam sair do país por causa da falta de incentivo do governo Temer e 6% dos entrevistados já haviam, inclusive, deixado o Brasil em razão da derrocada do setor. Cerca de 75% dos cientistas também avaliam que o apoio e o reconhecimento do governo às pesquisas ficou pior em comparação com o início da década, na gestão do ex-presidente Lula (PT).
“O que estamos vendo é um retrocesso sem tamanho na ciência, na tecnologia, na inovação. Estão conseguindo destruir todo o trabalho que foi feito ao longo de mais de uma década de governos do PT. Com os incentivos dados por Lula e continuados por Dilma, a área científica brasileira começou a virar, inclusive, referência no exterior. Mas a fusão da pasta e os cortes feitos pelo governo Temer botaram quase tudo a perder e provocaram sérios danos ao setor. Os cortes prejudicam o futuro do Brasil, provocam a evasão de profissionais renomados. Vai demorar mais uma década para o Brasil se recuperar desse quadro de desolação em que hoje a comunidade científica se encontra”, avalia o senador.