Deixar de cair na tentação de expor ao extremo os ímpetos de auditor é comprovadamente a maior dificuldade enfrentada por membros das comissões de transição de governos. Todo profissional escalado para levantar os dados fornecidos pelo governo em fase final e elaborar um relatório consistente sobre a real situação do ente público insiste em procurar erros, em apontar desvios de conduta e criticar ações dos governantes em fim de mandato.
Os Tribunais de Contas tem buscado dar luz ao processo ao editarem manuais e listas de procedimentos para serem utilizados pelas comissões. No entanto, quando as informações começam a chegar os membros indicados pelo governo futuro travam uma guerra sobre assuntos que fogem dos objetivos da nobre missão.
Esta perda de tempo e a dispersão de energia para finalidades não previstas nos roteiros elaborados por técnicos dos tribunais além de gerar desgastes desnecessários inibe e elaboração de um relatório que possa de fato auxiliar o futuro mandatário na tarefa de fazer melhor do que está sendo feito, conforme promessas durante o período eleitoral.
Os eixos principais de uma transição de governo são: a) examinar os contratos “em ser”; b) verificar o estágio das obras em andamento, comparando os valores liberados com a parte executada e os saldos disponíveis com o que falta executar; c) avaliar a dotação e a lotação de servidores, assim como a compatibilidade entre o custo de pessoal e o limite institucional com gastos em tal rubrica; d) analisar os convênios firmados com demais entes da federação, inclusive as prestações de contas; e) emitir relatório onde a situação real – especialmente disponibilidades x compromissos – fique evidenciada.
Destacar erros e julgar contas não ajuda o novo gestor e cria um cenário em que as soluções submergem diante das críticas. Portanto: Menos auditoria e mais informações úteis e confiáveis. Relatórios alinhados com a natureza de missão ajudam os gestores em ações seguras e eficazes.
Por: Ademar Rafael