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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ademarFUGA DAS URNAS

O governador da Paraíba, em entrevista para emissoras da capital paraibana, fez uma correta observação sobre o interesse dos eleitores nas eleições recentes ao destacar que mesmo nos grandes centros os eleitos não levaram multidões para ruas, como costumeiramente ocorria em pleitos passados. Tal desencanto, segundo Ricardo Coutinho, deriva em grande parte dos desmandos praticados por integrantes da classe política nos últimos tempos.

Quando mergulhamos nas estatísticas das eleições detectamos que 17,58% dos eleitores aptos (144 milhões) deixaram de comparecer às urnas no primeiro turno. Isto mesmo, 25,3 milhões de brasileiros sequer deram-se ao trabalho de comparecer nas sessões eleitorais. Elevado número dos 118,7 milhões de eleitores que foram votar ignoraram o cardápio oferecido e registram seus votos como branco e nulos. No segundo turno vários eleitos perderam para soma de votos brancos, nulos e abstenções. É algo parecido como “nada” perder para “coisa alguma”.

Na cidade de São Paulo, ao considerarmos os votos totais, a soma dos brancos (4,1%) e nulos (8,9%) superam os 10,9% obtidos pelo atual prefeito que ficou em segundo lugar. As abstenções em São Paulo foram 21,8%. A cidade campeã de abstenção foi Minas Nova – MG, com 34,76%,

Esse é o retrato de um sistema eleitoral falido, no qual tenta sustentar-se uma democracia fajuta. Nosso sistema eleitoral ancorado numa legislação que detalha procedimentos capazes de medir desde segundos no horário gratuito do rádio e da televisão até as dimensões dos adesivos utilizados na divulgação dos candidatos é incapaz de detectar que entre os eleitos constam: um prefeito no Rio Grande do Sul com 967 anos, um vereador do Amazonas com 944 anos e outro vereador também do Amazonas com 1.944 anos.

Os dados sobre as datas de nascimento (27.05.1049, 09.04.1072 e 27.09.0072) foram extraídos do site do Tribunal Superior Eleitoral, referente a candidatos das cidades Arambaré – RS, Caapiranga e Careiro da Várzea – AM.

Caso o voto não fosse obrigatório o índice de comparecimento ficaria próximo de índice de honestidade dos postulantes aos cargos em disputa.

Por: Ademar Rafael


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