A implantação da PEC 241, um cenário onde se vislumbra talvez uma nova crise econômica global, a análise do impeachment de Dilma e a reforma tributária são alguns dos tópicos abordados no Ponto a Ponto desta semana. O entrevistado é o economista, professor e ex-ministro Delfim neto, que é entrevistado pela jornalista Mônica Bérgamo e pelo cientista político Antonio Lavareda, que analisa pesquisas sobre o assunto e enriquece o debate.
Delfim Neto acredita que a adoção da PEC mostra um sinal de boa fé da nova gestão em um momento de severo desarranjo fiscal. Faz alusão à lenda das sereias ao tratar da PEC ao afirmar que Michel temer se algemou ao mastro do navio para não se deixar abater pelo canto das mitológicas agentes de sedução. Ao ser questionado sobre a percepção popular através de pesquisas que apontam que 88% dos brasileiros acreditam que deve haver corte de gastos para equilibrar o orçamento, Delfim é incisivo: “A sociedade entendeu que o estamento estatal se apropriou do Poder”.
Em sua análise, o economista acredita que a adoção da PEC trará bons frutos e que o cerne da discussão é equivocado, pois os investimentos em saúde e educação são mensurados pelo PIB que, este sim, precisa voltar a crescer. “O que acontece é que nos dois setores o nível de gestão é miserável”, categoriza.
Segundo o analista, a safra este ano será melhor que o ano precedente, já há redução dos preços livres, há uma expectativa de baixa inflação e, por isso, se o Governo dá sinais de que vai ter um suporte fiscal para política a monetária, se dá início a um processo de baixa de taxa real de juros que é considerada fundamental. “O problema da 241 é que só poderá ser cumprida se as outras medidas forem tomadas”, pontua. E cita ainda a necessidade da Reforma Tributária ao exemplificar que se tributa muito pouco o capital e muito mais o trabalho.
Em sua perspectiva, Dilma teria sofrido impeachment pelo ‘conjunto da obra’. “Evidente que houve violação da Constituição e da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas em condições normais de pressão e temperatura isso daria um puxão de orelha. Ela perdeu a capacidade de administrar o país, de controlar a sua gente no Congresso. Ela perdeu o protagonismo”, pontuou.
Em aspectos globais, Delfim enxerga ainda a possibilidade de mais uma crise mundial e apoia sua tese na desregulamentação do mercado e que os bancos centrais ‘não sabem o que estão fazendo’. “Nenhum país vai sair da crise sozinho. Precisa-se de uma política mundial de expansão da demanda sob os auspícios da Alemanha. As nossas exportações cresceriam com o mundo. Ela precisava aumentar taxa de salário e passar pra ter um superávito de contas correntes que ia puxar a demanda dos franceses, italianos , brasileiros…”