Na terceira semana de setembro, portanto, há aproximadamente um mês os parlamentares com assento na Câmara de Deputados foram impedidos por uma ação tempestiva de membros do PSOL e da REDE de aprovarem uma emenda que anistiaria os praticantes de “caixa dois” em eleições passadas.
Na pauta estava a votação de projeto nos termos sugeridos pelo Ministério Público, cujo teor segundo analistas “fecharia qualquer brecha para que políticos deixassem de ser punidos pela Justiça”. Remeteria para julgamento tanto os receptores como os doadores.
Para abrandar a dureza do texto inicial foi apresentada uma proposta intermediária que segundo publicação do jornal O Globo: “… teve como protagonistas as principais legendas da Câmara, especialmente PSDB, DEM, PP e PT. Outros partidos se incorporaram na reta final, como PP e PR. Mesmo assim, ninguém quis assumir a paternidade da proposta”. Esta paternidade foi negada após o vazamento do assunto e retirada do assunto da pauta.
O jornalista Kenedy de Alencar em postagem do dia 20.09.16 afirma: “Os articuladores da manobra foram os principais partidos do governo Temer: PMDB, PSDB, DEM e PP, entre outros coadjuvantes de outras legendas com interesse direto na matéria”. Ao compararmos as duas postagens verifica-se que foram excluídos da segunda o PR e o PT, sendo nela incluído o PMDB.
Nominar um ou outro partido em matérias que causam desgastes e exposição faz parte do caminho editorial de cada veículo de comunicação. Negar a paternidade em assuntos desabonadores é comum em nosso cenário político.
Mesmo sem conhecer os “pais da criança” podemos afirmar que nossos partidos sempre ficam unidos quando a questão em debate envolve seus interesses. A incompatibilidade de ideias some na hora de votar temas que podem levar seus membros para as garras da lei, são mais iguais que
aparentam.
Trazer este assunto para este período, entre o primeiro e o segundo turno da eleição, tem o propósito de mantermos o sinal de alerta sempre ligado. Por estarem atentos e vigilantes os deputados do PSOL e da REDE impediram e desfecho esperado para articuladores da proposta.
Parlamentares “éticos” que vimos nas grandes redes de televisão e nas TVs da Câmara e do Senado, durante os julgamentos de Dilma e Cunha foram tentados a apresentar um projeto que alteraria a medida dura. É a velha regra que assegura a ação em causa própria.
Os trabalhos foram conduzidos pelo Deputado Beto Mansur (PRB-São Paulo) uma vez que o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estava ocupando o cargo de Presidente da República em função da viagem de Temer para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU e o Vice-Presidente Waldir Maranhão não compareceu à cessão. Descobrir os reais autores da emenda é missão impossível. Será?
Por: Ademar Rafael