Em Afogados da Ingazeira, minha terra natal, na beira do rio Pajeú, a figura patética do coronel Saruê, personagem interpretado por Antônio Fagundes na novela Velho Chico, se encarnou de alma e espírito no prefeito José Patriota, do PSB. O coronel Saruê do Pajeú tem um ingrediente real, diferente do fictício da cidade imaginária Grotas de São Francisco.
Ele tipifica em gestos, atos, modo de discursar e até na adoção ao branco das suas camisas o ex-governador Eduardo Campos. Em tudo, literalmente. Como seu guru, que primeiro inventou Geraldo Julio no Recife e depois Paulo Câmara, o Saruê pajeuzeiro também tem sua mais grotesca invencionice: seu novo vice em sua chapa, que será oficializada hoje em convenção.
Atende pelo nome de Alessandro Palmeira, o Sandrinho, para os íntimos, que ocupou a pasta de Cultura, a que promove shows na gestão municipal. Sua maior virtude? Lealdade ao coronel, a quem bateu continência desde que foi escolhido para o primeiro escalão. Diferente de tantos aliados que ajudaram o Saruê do Pajeú a impor uma histórica derrota à Gisa Simões, já falecida, em 2012, nunca disputou uma eleição, não tem voto e está sendo alçado ao posto por uma questão muito especial.
É que o coronel Saruê do Pajeú tem planos para disputar um manda eletivo nas eleições de 2018 e quer deixar na Prefeitura um boneco, para ser de fato o prefeito, ou seja, quer ao mesmo tempo ser deputado e prefeito. Nunca se viu tamanha ganância pelo poder em terras banhadas pelo emblemático rio Pajeú, que embala de poesia o coração dos poetas e repentistas.
O Saruê da novela Velho Chico é ardiloso e prepotente. Dono de muitas terras à beira do Rio São Francisco, é um dos homens mais ricos da região, com muita influência na política. O Saruê do Pajeú até que se apresentava mais moderno, mas ao pisotear todas as lideranças que o ajudaram a chegar ao poder, para implantar uma capitania hereditária em minha terra, mostrou que o lema da sua política é o poder pelo poder a qualquer custo.
Ganancioso, de ambições desenfreadas. O que lhe move é o coronelismo arcaico.
Por: Magno Martins