Bullyng: trauma e medo nas escolas
Modernamente, o Bullyng é um dos temas que mais preocupam professores e gestores escolares. No Brasil, a palavra ainda não possui uma tradução específica, porém o termo é universalmente definido como um conjunto de repetidos comportamentos agressivos e intencionais, seguido por um ou mais alunos contra outro(s). Possui características próprias, como insultos, apelidos, constrangedores, gozações, acusações injustas, hostilização, chegando até a agressões físicas. Nesse sentido, a vítima pode sofrer com baixa autoestima, stress, transtornos psicológicos, depressão, gerando, inclusive, baixa resistência imunológica.
A criança se torna refém da ansiedade e de emoções que interferem negativamente no seu desenvolvimento devido ao excesso de medo, de angústia e de raiva reprimida. A sua auto percepção fica comprometida e a sua capacidade de superação enfraquece. Dependendo do grau de sofrimento vivido, ela poderá nutrir, ainda que inconscientemente, pensamentos de vingança, ou manifestar comportamentos agressivos. Em alguns casos, a vítima chega ao suicídio.
Em geral, o agressor possui desejo de dominar e impor sua autoridade sobre o outro de forma repressiva; sente a necessidade de aceitação e de pertencer a um grupo; não consegue se autoafirmar e acaba chamando a atenção para si.Frequentemente, fazem parte de famílias com pouco relacionamento afetivo e, por isso, tendem a não conseguir expressar seus sentimentos e nem se colocar no lugar do outro.
É notório que existem complicações psicológicas tanto do lado do agressor quanto do lado do agredido, e a intervenção psicoterápica deve atuar no sentido de restaurar as condições necessárias para o equilíbrio e a harmonia no convívio social entre esses protagonistas. Normalmente, busca-se o reestabelecimento da autoestima do agredido e o fortalecimento dos vínculos de afetividade do agressor. Os pais, professores e a comunidade, ao notarem ou serem avisados sobre tais comportamentos, sejam eles de vitimização ou de prática do ato, devem procurar ajuda adequada para a resolução do caso. Os traumas podem ser superados com ajuda psicoterápica individual e com a participação positiva dos atores que compõe a escola. Fique atento! As consequências podem ser para uma vida inteira.
Thaís Alves é Psicóloga Clínica (CRP: 02/17550), integrante da equipe do Centro de Diagnóstico Iracy Pires, em Afogados da Ingazeira-PE; é mestranda em Saúde Pública e todas as terças assina a coluna PSICOLOGIA INFORMA.