O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais integrantes da chamada “tropa de choque” de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta segunda-feira (13) ao G1 que pretende pedir ao presidente afastado da Câmara que renuncie ao posto, caso a maioria do Conselho de Ética rejeite cassar o mandato do peemedebista.
Se Cunha renunciar à presidência da Câmara, será necessária uma nova eleição para escolher um sucessor.
Cunha é acusado no Conselho de Ética de mentir à CPI da Petrobras quando disse, no ano passado, que não possui contas no exterior. Posteriormente, ele foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal sob a acusação de usar contas mantidas na Suíça para receber dinheiro de propina de contratos da Petrobras.
O parecer do relator caso, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), recomenda a cassação do mandato de Cunha. Marun tenta evitar a aprovação do texto e defende uma pena mais branda, como suspensão do mandato de Cunha por três meses. A votação está prevista para ocorrer na tarde desta terça (14) e a previsão é de placar apertado.
Para o peemedebista, caso consiga manter o mandato, Cunha deve pensar no “bem” da Câmara e evitar que a Casa continue sendo presidida interinamente por Waldir Maranhão (PP-MA), que não conta com apoio nem da base nem da oposição.
“Após o resultado do Conselho de Ética, é possível que eu trabalhe para que ele reavalie sua posição em relação à presidência da Câmara. É possível que eu converse com ele a esse respeito”, disse Marun.
“Entendo que, se a Câmara entender que Eduardo Cunha tem o direito de permanecer com seu mandato e exercer sua ampla defesa nessa condição, entendo que ele também deva ter um pensamento mais positivo em relação à Câmara. Maranhão como presidente interino atrapalha a Câmara”, complementou.
Cunha foi suspenso do mandato e afastado da presidência em 5 de maio por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), por atrapalhar o andamento das investigações da Operação Lava Jato e prejudicar a tramitação do processo de cassação ao qual responde no Conselho de Ética da Câmara. Como primeiro vice-presidente, Maranhão assumiu a presidência interina.
Mas o deputado perdeu o apoio de quase a totalidade dos deputados quando tentou anular a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Desde então, sempre que ele tenta comandar as votações, é alvo de protestos em plenário.
Para Marun, a decisão do STF de afastar Cunha da presidência é irreversível e a permanência de Maranhão no posto prejudica, na avaliação dele, o governo do presidente da República em exercício, Michel Temer.
“Esse afastamento promovido pelo STF contra o qual nada se pode fazer. Eu considero a suspensão do mandato extralegal. Mas não há o que se fazer. É uma realidade que hoje o fato de ele ser presidente afastado prejudica os trabalhos da Câmara”, afirmou o deputado.(Do G1, em Brasília)