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OPINIÃO DO PERNINHA

perninha (1)Dilma caiu por quê?

Desde que chegou ao poder em 2002, o PT nunca conseguiu ter uma relação de confiança com os demais partidos no Congresso. Antes mesmo de Luiz Inácio Lula da Silva subir a rampa do Palácio do Planalto, a sigla deu início a uma série de desentendimentos, disputas e rivalidades que se avolumaram e desaguaram no processo de impeachment de Dilma Rousseff. Dono das maiores bancadas na Câmara e no Senado, o PMDB tornou-se o catalisador de conflitos que se espalharam entre os demais partidos da base aliada. As próprias características da sigla- dividia em alas que se movem a depender das conveniências- também contribuíram para esse processo. Ora, ele favoreceu o Planalto: ora, atendeu aos interesses pessoais dos congressistas.

A relação com o PMDB nasceu como um casamento desfeito no altar e que depois tentou ser retomado na marra. Grande parte da culpa é creditada a Lula. Após vencer José Serra (PSDB) na eleição de 2002, ele autorizou o então presidente do PT, José Dirceu, a negociar o ingresso no governo dos peemedebistas que haviam apoiado o tucano no pleito. Dirceu e o presidente nacional do PMDB, Michel temer, selaram um acordo para que a sigla ocupasse duas cadeiras na Esplanada dos Ministérios. Até os nomes do partido foram escolhidos: Eunício Oliveira (CE) e Hélio Costa (MG). Ficariam com Minas e Energia e Integração Nacional. Os dois dormiram ministros, mas acordaram sem cargos. Pressionado pelo PT durante a madrugada e com receio de nunca ter o apoio integral do PMDB, Lula mandou Dirceu desfazer a negociação. Lula, contudo, optou por uma estratégia arriscada. Resolveu abrir espaço no governo para a ala adversária a Temer, estimulando o enfraquecimento do seu grupo político. Sem o PMDB, o então presidente viu-se obrigado a ir atrás das siglas de médio porte – PL (atual PR), PP e PTB. A seu mando, Dirceu estimulou parlamentares eleitos pela oposição a ingressar nesses partidos. Dois anos depois, essas siglas estariam envolvidas no caso do mensalão.

Até então conhecida apenas como uma ex-militante do PDT com participação em governos no Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff foi a maior beneficiária do veto de Lula ao PMDB em 2003. Ficou com a pasta de Minas e Energia, inicialmente reservada ao partido. Em 2005, com a demissão de Dirceu da Casa Civil, Dilma foi transferida para o lugar dele. Naquela oportunidade, ela já somava conflitos com o PMDB. O principal deles, contudo aconteceu dois anos depois, com Lula já reeleito. Ela se posicionou contra uma indicação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para presidência de Furnas. Inicialmente, Dilma foi derrotada. Lula cedeu a Cunha. O troco veio após Dilma assumir a presidência, em janeiro de 2011. Na primeira semana de governo, ela mandou demitir o apadrinhado de Cunha.

O deputado se consolidara como uma das principais lideranças na Câmara e virou o principal contraponto a ela no Parlamento.. Elegeu-se presidente da Câmara com facilidade em 2015. Dez meses depois, logo após o PT apoiar um processo de perda de mandato contra ele, Cunha aceitou pedido de impeachment contra a presidente. O restante da história foi o que vimos nas votações da Câmara e do Senado que motivaram o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República e a assunção do vice Michel Temer por um período de 180 dias aproximadamente, quando será efetuado um novo julgamento.

Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira-PE – maio de 2016.


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