O ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu, preso nesta segunda-feira (23), movimentou R$ 7 milhões, sem justificativa de origem lícita, entre 2005 e 2013. Deste montante, R$ 2 milhões teriam ficado com Genu. De acordo com a Polícia Federal (PF), há indícios de que o dinheiro tenha saído do esquema de corrupção e desvio de dinheiro descoberto na Petrobras.
Genu foi preso com a deflagração da 29ª fase da Operação Lava Jato em um hospital, em Brasília. O ex-assessor não estava hospitalizado, mas acompanhando outra pessoa. Ele será levado para Curitiba ainda segunda-feira. A previsão é que ele chegue às 22h. Ao todo, foram expedidos três mandados de prisão e seis de busca e apreensão.
Genu assessorou o ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010. Ele foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão do PT em 2012.
Após recurso, em março de 2014, Genu foi absolvido do crime de lavagem de dinheiro. Ele também tinha sido denunciado por corrupção passiva, mas a pena para o crime prescreveu.
Prisão estratégica
A força-tarefa da Operação Lava Jato considera a prisão do ex-assessor estratégica para as investigações pelo fato do chamado petrolão ser considerado a continuidade do mensalão. “O petrolão é continuidade do mensalão. Está cada vez vez mais demonstrado”, afirmou o delegado federal Luciano Flores.
“A gente pode fazer um paralelo entre o mensalão e a Lava Jato com uma nitidez muito mais aprofundada neste momento. Por exemplo, no mesalão, o João Claudio Genu foi condenado porque ele sacou aproximadamente R$ 1,5 milhão (…). Já na lava Jato, nós já temos mais de R$ 2 milhões de pagamento de propina para ele”, acrescentou Flores.
A força-tarefa da Lava Jato afirma que Genu seria responsável por receber valores em espécie e repassá-los ao ex-diretor estatal Paulo Roberto Costa. Além disso, Genu seria o beneficiário de até 5% da propina que era paga ao PP a partir de contratos firmados no setor de Abastecimento petrolifera.
De acordo com a força-tarefa, o dinheiro chegava a Genu por meio dos doleiros Alberto Youseff e Carlos Habib Chater, dono do Posto da Torre, em Brasília, e sempre em espécie.
Flores destacou que apesar de Genu nunca ter exercido mandato parlamentar, sempre esteve próximo ao ex-deputado federal José Janene, apontado como um dos criadores do esquema do mensalão e das fraudes na Petrobras.
Para o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Diogo Castor de Mattos, Genu era uma pessoa muito próxima ao ex-deputado e, por isso, pode-se dizer que ele continuou sendo representante de Janene mesmo após a morte do político.
“A prisão tem peso estratégico para a Lava Jato porque ele era um dos principais cabeças envolvendo recebimento de vantagens indevidas do PP”, afirmou Mattos.
O procurador declarou ainda que o envolvimento de Ganu com o núcleo político torna a detenção importante para o bom avanço das investigações e para ajudar a localizar os ativos envolvidos.
Ainda de acordo com o procurador Mattos, Genu tinha percentual fixo e habuital de recebimento de valores.
Mesmo após o caso mensalão, recebia mensalmente entre R$ 40 mil a R$ 70 mil até o final de 2013.
O nome de Genu não é novidade no âmbito da Lava Jato. Desde o início das investigações, recaem sobre ele suspeitas de envolvimento nos crimes descoberto na Petrobras.
Genu se tornou alvo de uma etapa apenas agora, porque, de acordo com a Polícia Federal, surgiram provas contundentes para pedir a prisão dele. Entre elas, a possibilidade do ex-assessor manter contas no exterior.
Segundo a investigação, foram descobertas trocas de mensagens entre Genu e agentes públicos da Petrobras e da BR Distribuidora. Isso que pode indicar uma ação do suspeito também neste órgão público. A possibilidade será averiguada. (G1.COM)