O vice-presidente Michel Temer desistiu da nomeação do advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira para o Ministério da Justiça de seu eventual governo. Desde que revelou ao GLOBO a preferência pelo nome do criminalista paulista, Temer foi desaconselhado da indicação por vários aliados.
Antonio Claudio Mariz de Oliveira, advogado de Temer. 16/10/2012 Procurador critica eventual indicação de advogado de Temer para Ministério da Justiça
Ainda na noite de terça-feira, ao saber o teor de declarações do advogado, que é seu amigo, o vice desistiu da indicação. Segundo interlocutores de Temer, a preocupação central do vice-presidente é não deixar dúvidas quanto ao seu compromisso com a liberdade da Operação Lava-Jato. Mariz deu entrevistas com críticas pontuais à operação e, especialmente, ao uso que vem sendo feito da delação premiada.
Em janeiro, o criminalista assinou, ao lado de mais de 100 advogados, um manifesto inspirado pela Odebrecht, em que qualificava a investigação como uma “espécie de Inquisição”, argumentando que os princípios da plena defesa e a presunção de inocência não estavam sendo contemplados.
Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, Mariz confirmou ter conversado com o vice-presidente sobre a possibilidade de ocupar o eventual cargo, e reafirmou suas críticas à operação que investiga o esquema de corrupção da Petrobras. A repercussão de suas opiniões no meio jurídico e político acabaram por inviabilizá-lo na pasta da Justiça, que tem ingerência sobre a Polícia Federal.
Considerado um advogado à moda antiga, ele impede seus clientes de falar com a imprensa antes do julgamento e é contrário à assinatura de acordos de delação premiada. Em uma entrevista ao site Consultor Jurídico em 2015, criticou o uso das colaborações de acusados para incriminar outros suspeitos, sem apoio em provas documentais. “Voltou-se à Bíblia. Porque é o verbo na escuta e o verbo na delação”, ironizou acidamente, como é de seu estilo.(Agência O Globo)