Diante da possibilidade de mais uma derrota do governo no processo de Impeachment, pelo Senado, em maio próximo, o destino do país passaria às mãos do atual vice presidente, Michel Temer (PMDB) e como é natural em um processo dessa ordem, surgem inúmeras perguntas que só o tempo responderá. Por exemplo: Temer é a favor da descriminalização do aborto? E das drogas? E da redução da maior idade penal? E da pena de morte? E das cotas nas universidades? E da liberação dos transgênicos? Quais os seus planos para a educação, saúde, segurança? O que muda na economia? Quem fica e quem sai dos Ministérios? Que apoio será dado ao setor produtivo?
Essas perguntas que surgem (normalmente em ano eleitoral), às vezes parecem inconvenientes, mas ajudam ao eleitor a formar uma opinião em relação ao postulante do cargo eletivo e, pela complexidade com que se apresentam, se o candidato for fraco não tem marqueteiro, que dê conta das respostas. No caso do vice assumir a presidência não houve tempo para perguntas, já que as coisas vieram na ordem inversa sem que o vice passasse por uma sabatina.
Ainda mais em um país onde as pessoas têm uma cultura eleitoral que não discute a possibilidade de vacância do cargo, logo, não se interessam pelos candidatos a vice). Essa cultura tende a mudar, haja visto a possibilidade de o país vir a ser governado pela 3ª. vez pelo seu vice presidente. Foi assim com José Ribamar Sarney, com Itamar Franco e, quem sabe, com Michel Temer. Comenta-se, ainda, a possibilidade de uma eleição antecipada, com mandato reduzido até 2018, o que achamos pouco provável por duas razões: a primeira, por não está previsto em nossa Constituição e a segunda pela lentidão com que as coisas acontecem por aqui. O mais provável é que o governo fique nas mãos do vice, caso haja permissão da Lava Jato e apoio das bases que lhe darão sustentação. O que virá depois continua sendo uma incógnita.
Não poderíamos fechar essa matéria sem nos reportarmos às palhaçada que ocorreram no domingo 17/04, quando os deputados votaram o processo do impeachment da presidente Dilma. A Câmara dos deputados tornou-se um picadeiro que, além do palhaço/deputado Tiririca, abrigou outras dezenas de coadjuvantes em cenas que envergonharam, novamente, a nossa Nação. Quanta imundície, quanta hipocrisia e quanta falta de respeito ao povo brasileiro. Para onde vai um país que tem um presidente da Câmara Federal com uma ficha criminal colada na testa igual ao
Eduardo Cunha, conduzindo um processo tão complicado e que poderá tirar o poder legítimo de uma presidente eleita com 54 milhões de votos? É bom registrarmos que não estamos aqui defendendo Dilma, estamos comentando os fatos com lucidez. Eduardo Cunha era o político menos capacitado para a condução do impeachment, feito de forma midiática-televisiva causando uma falsa sensação de total pureza por parte daqueles que depositavam o “sim” na hora da votação.
Dilma Rousseff, até onde se sabe, não enriqueceu com o esquema instalado na Petrobras, mas não pode esconder que foi eleita com a ajuda, direta ou indireta, do dinheiro ali desviado e do qual petistas, peemedebistas, PSDBistas e demais aliados se refastelaram enquanto sobrava a farinha para o pirão. Vendo por esse prisma, talvez, se justificasse o impedimento da presidente, mas, se for para colocar no poder alguém que seja eleito de forma limpa, ficaremos sem presidente por um bom tempo.
Danizete Siqueira de Lima
Afogados da Ingazeira – abril de 2014.