Renata Bezerra de Melo, da Coluna Folha Política
A conversa durou cerca de uma hora, no hotel, em Brasília, onde o ex-presidente Lula tem recebido lideranças nos últimos dias. Na tarde da quarta-feira, um dos convidados do líder-mor do PT foi o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Lula pedira ao governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, que agendasse encontro com os gestores do PSB.
Tratou, sobreudo, do dia seguinte ao processo de impeachment, no caso de a presidente Dilma ser mantida no governo. Lula está ciente de que precisará reerguer as pontes. E ouviu dos socialistas que eles vão defender a tese de novas eleições na reunião da executiva nacional na segunda-feira.
À coluna, por telefone, Paulo Câmara detalhou: “Colocamos que vamos encampar a bandeira das novas eleições. É importante, porque, independente do resultado, vai haver sequelas – se Dilma ficar ou se (Michel) Temer assumir. Então, essa tese das novas eleições, aparentemente, pode estabilizar um pouco”.
A posição majoritária do partido a favor do impeachment já havia sido antecipada a Lula e ele não tentou modificá-la. “Ele não tentou reverter. Quer contar com a possibilidade de o partido sentar à mesa, se o impeachment não passar”, explicou o governador de Pernambuco.
Missão de Lula
Lula não fez avaliação da tese de novas eleições. “Ele colocou que está imbuído (da tarefa) de não ter impeachment. Tem o compromisso com Dilma de que o impeachment não passando, ela vai ter que mudar a forma de agir e de conversar, de propor ações para o Brasil voltar a crescer de maneira consistente”, relata Paulo.
Saída
O governador observa que o governo Dilma não procurou o PSB antes e que, quando foi procurado por socialistas, não deu “prosseguimento às coisas efetivas”. Informa Paulo: “A gente está trabalhando para que reunião da executiva nacional da segunda seja nessa tese de novas eleições, mas que, ao mesmo tempo, não feche portas”.
Pelo País
No PSB, frisa Paulo, há a consciência de que Dilma ficando, o partido não poderá se furtar a ajudá-la em favor do Brasil. Assim como se Michel Temer assumir, também.
Buraco
O governador adverte: “O que não pode é ficar na situação que está durante dois anos e oito meses, senão vamos para o buraco, todo mundo”.
Serão
No final da semana passada, Rollemberg e Paulo Câmara já haviam alinhado as ideias com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em Brasília, em conversa na noite da quinta.
Expectativa
Sobre essa tarefa de Lula de reformular o governo no dia seguinte, Paulo observou: “Não pode ficar nesse jogo do último ano, de dizer que vai liberar e não libera, de dizer que vai fazer e não faz. É isso (uma mudança) que ele (Lula) espera que aconteça”.