Na manhã seguinte à decisão da Câmara de dar prosseguimento ao processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff se reuniu nesta segunda-feira (18), no Palácio do Planalto, com o seu chefe de gabinete, o ministro Jaques Wagner. Já o vice-presidente Michel Temer, que pode vir a substituir a petista caso o Senado aprove o afastamento, viajou pela manhã para São Paulo, onde tem um escritório político.
Neste domingo (17), por 367 votos a 137, o plenário da Câmara aprovou a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma. Cabe, agora, ao Senado decidir se acolhe ou não o processo. Se a Casa decidir dar prosseguimento, a presidente deverá ser afastada por até 180 dias e, neste período, enquanto o Senado julgá-la, Temer assumirá a Presidência da República.
A presidente chegou ao palácio às 9h58 desta segunda-feira. Diferentemente do que faz todas as manhãs, ela não pedalou nos arredores do Palácio da Alvorada, residência oficial. Ao pegar o comboio em direção ao Planalto, Dilma chegou ao palácio, pegou o elevador privativo e seguiu para o terceiro andar, onde fica seu gabinete.
Embora não conste da agenda oficial, divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, o ministro da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que Dilma fará um pronunciamento na tarde desta segunda para comentar o resultado da sessão da Câmara – ainda não há confirmação sobre o fato desta fala.
Repercussão
Neste domingo, logo após a sessão da Câmara registrar os 342 votos necessários para dar prosseguimento ao processo de impeachment, o que ocorreu às 23h07, se iniciou uma intensa repercussão política em Brasília.
Do lado do governo, por exemplo, Cardozo convocou uma entrevista no Palácio do Planalto na qual afirmou que Dilma não vai renunciar nem “fraquejar” diante do atual cenário político. O chefe de gabinete da presidente, Jaques Wagner, divulgou nota na qual afirmou que o resultado significou um “retrocesso”.
Além deles, o presidente do PT, Rui Falcão, também divulgou comunicado à imprensa no qual disse que a “infâmia e o golpismo feriram a democracia, rasgando a Constituição.
Já do lado da oposição, porém, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que o impeachment representou a “vitória dos brasileiros” porque, a partir de agora, os governos vão saber que “ninguém está a cima da lei”. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por sua vez, afirmou que, embora seja um momento “triste”, Dilma perdeu as “condições de governabilidade” e os “escrúpulos”.(Filipe Matoso – Do G1, em Brasília)