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OPINIÃO DO PERNINHA

perninhaA falta que não faz falta

Trabalhei no Banco do Brasil por 27 anos (1980/2007), os quais, somados com mais 8 anos de outros três empregos, me deram o direito a uma aposentadoria com 35 anos de contribuição para a previdência oficial, no início de 2009. Lembro-me da dificuldade que havia quando precisava faltar ao trabalho na empresa BB, mesmo que fosse por um dia somente. À exceção das faltas por motivo de saúde, era muito difícil conseguir um abono, principalmente quando tínhamos ao nosso lado um chefe “Caxias”, daqueles que só via o lado da empresa.

Passei por muitos transtornos ao longo de quase três décadas e um deles me marcou profundamente: em 2001, mais precisamente no dia 11 de setembro, quando ocorreu o atentado às torres gêmeas, eu estava de licença-saúde por força de uma cirurgia no ombro esquerdo e, como a licença foi por um período superior a 60 (sessenta) dias, constantemente recebia ligações do meu gerente perguntando se eu não estava em condições de trabalhar e eu lhe respondia educadamente: sei não doutor, ligue para o meu médico. Como se não bastasse tal intransigência, vez por outra, aparecia algum colega na minha casa que eu sabia não vir me visitar, era simplesmente para levar notícias ao chefe maior.

Deixando as particularidades de lado vamos a uma matéria que vi estampada esses dias num jornal de grande circulação no país. A matéria se referia a atuação dos nossos parlamentares e trazia o seguinte título: somente 3% em todas as sessões. Apenas 19 deputados federais participaram das 125 sessões deliberativas realizadas pela Câmara em 2015. O número representa pífios 3,7% dos 513 parlamentares da Casa. A maior parte de suas excelências dá um jeito de se justificar e não tem nenhum centavo cortado do salário.

Quem mais se ausentou, nem se deu ao trabalho de dar explicações, foi o deputado Guilherme Mussi (PP-SP): 30 faltas. Wladimir Costa (SD-PA) e Paulo Maluf (PP-SP) têm, respectivamente, 105 e 74 ausências entre justificadas e não justificadas. Nem o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), tem 100% de presença. Teve uma falta que foi dada como justificada pela Casa. Para quem não sabe, cada deputado custa até R$ 1,8 milhão por ano, contando benesses como auxílio moradia, cota parlamentar, verba de gabinete, carro, etc. Constantemente ridicularizado, Tiririca (SP), puxador de votos no PR, é um dos 19 deputados presentes em todas as sessões da Câmara.

Apesar da nossa indignação diante dos absurdos haveremos de convir que a falta desses parlamentares às sessões não faz muita diferença. Se não vejamos: em 2015, das 163 leis criadas, 37 se resumem a dar nomes a estradas e pontes ou instituem datas comemorativas como o Dia Nacional da Poesia e Dia Nacional do Milho.

Diante desses números concluímos que, a Câmara dos Deputados, nem faz nada quando falta às sessões nem quando se faz presente. Parafraseando Bóris Casoy não há outra coisa a dizer a não ser, é claro, “ISSO É UMA VERGONHA”.

Danizete Siqueira de Lima – março de 2016


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