Considerado uma das principais vozes de oposição aos governos do PT no Congresso, o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) avaliou a condução coercitiva do ex-presidente Lula nessa sexta-feira (4) como demonstração de que “não há ninguém acima da lei”. A leitura é a mesma entre os principais nomes contrários ao petista. A 24ª fase da Operação Lava Jato abafou a posse dos novos membros do PMDB e o assunto dominou as rodas de conversa e os discursos.
Para Jarbas, a situação política em Brasília está perto do “desenlace”, numa referência aos governos petistas. “Eu esperava isso (o depoimento de Lula). Acreditava que isso ia acontecer. Se Lula for para cadeia para mim não será nenhuma novidade”, afirmou, ao fim do evento.
Ao analisar o xadrez político nacional, ele afirmou que não descarta eventual renúncia de Dilma. “Ela está só, cada vez mais só. Ela pode sofrer o impeachment, ser alcançada pelo Tribunal (Superior Eleitoral) ou ela pode renunciar”, opinou.
Na mesma linha, o vice-governador Raul Henry, presidente estadual do PMDB, analisou que a ação da PF demonstrou que a democracia no Brasil está a pleno vapor. “Estamos vivendo o pleno estado democrático de direito. A lei serve para todos e eu acho que o funcionamento da Justiça, Ministério Público Federal e da Polícia Federal demonstra isso. Se estamos vivendo uma crise econômica, em compesação estamos vivendo momento de vitalidade da democracia no nosso País”, comentou. Sobre a defesa do PT a Lula nas redes sociais, classificando o ex-presidente como preso político, Raul avalia que é “proselitismo político”.
Presente ao evento, o democrata Mendonça Filho considerou a ação da PF como “consequência natural” do processo. “O que se tem que entender é que não existe no Brasil cidadão acima do bem e do mal. Também não há cidadão, mesmo uma figura pública notada como Lula, acima da Justiça”.
O evento ontem marcou a posse de dois secretários do prefeito Geraldo Julio (PSB) na direção do PMDB. O secretário de Juventude e Qualificação Profissional, Jayme Asfora, assumiu a presidência do PMDB no Recife e secretário de Segurança Urbana, Murilo Cavalcanti, ficará à frente da presidência da Fundação Ulysses Guimarães. A ex-deputada Miriam Lacerda será a nova presidente do PMDB Mulher.
Políticos de vários segmentos prestigiaram a solenidade. Nomes do PSB como o prefeito Geraldo Julio e auxiliares do governador Paulo Câmara marcaram presença, bem como os tucanos Elias Gomes e Betinho Gomes.
AFAGOS
O ato peemedebista também foi marcado por afagos ao prefeito Geraldo Julio (PSB), que integrou a mesa. Num momento em que há a discussão nos bastidores de que o partido poderá ficar com a vice na chapa da reeleição, tanto Murilo quanto Jayme teceram elogios à gestão socialista.
Na abertura de sua fala, Jayme direcionou os cumprimentos ao prefeito, a quem exaltou a “gestão exitosa da qual faz parte”. Em seguida, emendou afagos a Jarbas, que gerenciou a cidade por dois mandatos.
Murilo, por sua vez, reafirmou o compromisso de continuar unido à Frente Popular para dar o segundo mandato ao prefeito Geraldo Julio. E justificou que “Recife não pode correr nenhum risco de perder esse rumo de capital líder do Nordeste”.
Raul pontuou que os discursos não tiveram conotação política. “Todos aqui fizeram discurso de congraçamento. Estamos todos aqui num momento mais festivo do que de pronunciamentos políticos”, minimizou. (Marcela Balbino – JC)