A 24ª fase da Operação Lava Jato investiga a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus familiares com empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras. O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) encontraram indícios de que Lula recebeu vantagens indevidas, como um apartamento e reformas em imóveis, além de doações e pagamentos por palestras via Instituto Lula e a empresa LILS Palestras, que pertence ao ex-presidente.
O MPF diz que o instituto recebeu de empreiteiras R$ 20 milhões em doações e que a LILS Palestras recebeu R$ 10 milhões entre 2011 e 2014. Investigadores querem saber se os recursos vieram de desvios da Petrobras e se foram usados de forma lícita. Parte do dinheiro foi transferido do Instituto Lula para empresas de filhos do ex-presidente, e o MPF apura se serviços foram de fato prestados.
“São realmente, que nós sabemos, [empresas] que caracterizavam o núcleo duro do cartel que dilapidou o patrimônio da Petrobras. Isso deve ser investigado com o aprofundamento das investigações”, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, em entrevista em Curitiba, nesta sexta-feira (4).
“Os favores são muitos e são difíceis de quantificar”, disse ele, sobre relação do ex-presidente com as empreiteiras. “Não há nenhuma conclusão no momento, mas os indicativos eram suficientes.”
Segundo o procurador, a Lava Jato investiga uma organização criminosa infiltrada no governo federal que se utilizava da Petrobras para financiamento político. “Essa organização possui um comando. O ex-ministro José Dirceu fazia parte desse comando. Ele está preso, mas a organização criminosa continuou existindo. Estamos analisando evidências de que o ex-presidente e sua família receberam vantagens. [….] Isso ainda é uma hipótese investigativa.”
Questionado, ele não respondeu se Lula integraria o grupo. Mas afirmou que o governo dele foi beneficiado. “O governo dele foi um dos beneficiados pela compra do apoio político e partidário. Estamos investigando”, afirmou.
COLETIVA
O MPF e a PF citaram, em entrevista em Curitiba, as suspeitas sobre o ex-presidente Lula:
– 47% dos recursos recebidos pela LILS Palestras, entre 2011 e 2014, vieram de empreiteiras envolvidas na Lava Jato: Camargo Corrêa, Odebrecht, UTC, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez.
– 60% dos recursos do Instituto Lula vieram das mesmas empresas.
– A LILS Palestras e o Instituto Lula, que tem isenção fiscal, tinham uma “confusão operacional”.
– Cerca de R$ 1 milhão foi transferido do Instituto Lula para a G4, empresa de um dos filhos do ex-presidente, Fábio Luís. A PF apura se serviços foram prestados.
– Da OAS, Lula teria recebido um triplex no Guarujá, além de reforma e móveis de luxo no valor de R$ 1 milhão;
– Ele teria comprado dois sítios em Atibaia, em nome de terceiros, no valor de R$ 1,5 milhão;
– Crimes investigados na Lava Jato enriqueceram PT, PMDB e PP e financiaram campanhas eleitorais.
– MPF apura se o ex-presidente sabia do esquema de desvio de recursos da petrolífera.
Outras suspeitas, citadas em nota do MPF mais cedo:
– Lula teria recebido benefícios da OAS, Odebrecht e do pecuarista José Carlos Bumlai;
– Pagamentos “dissimulados” seriam propina decorrente do esquema na Petrobras;
– Lula teria atuado para contrato entre a Petrobras e o grupo Schahin;
– A OAS teria pagado R$ 1,3 milhão para guardar itens retirados do Palácio Planalto quando Lula terminou o mandato; (G1.COM)