Encerro um poema que dediquei ao meu filho no se aniversário de quinze anos com os seguintes versos: “… Aprenda a cultivar rosas/Sem se ferir nos espinhos”. O Jornalista Magno Martins cumpriu à risca o conselho que dei no poema ao produzir o livro “Perto do Coração”. Considero a crônica uma manifestação poética sem amarras às rimas. Neste quesito a publicação sai da curva, extrapola com folga.
Na letra de “Tareco e Mariola” o poeta Petrúcio Amorim diz “… entre o velame e macambira…”. Foi neste hiato que Magno transitou para conceber sua declaração de amor aos pais e ao sertão.
Reservo-me ao direito de não destacar esta ou aquela crônica, uma vez que as enxergo entrelaçadas da mesma forma que o melão de São Caetano tece nas cercas sertanejas a sua toalha verde, bordada com o branco, o amarelo e o vermelho das suas flores e frutos.
Na condição de crítico ácido da política baseada nos “acertos” e na corrupção, Magno já era embaixador de Afogados da Ingazeira, como cronista ganha nova vertente na nobre missão de honrar a terra de Arruda Câmara. Seus escritos abraçam sua terra da mesma forma que a região de Ilhéus e a Bahia foram abraçadas na obra de Jorge Amado.
Do árido sertão e do corrosivo mundo da política nasce um conjunto de crônicas que nos garantem a possibilidade de um mundo melhor. A leveza dos textos difere um tudo do cenário onde foram colhidos.
Em diversos momentos o universo criado por Vinícius, Chico e Garoto na fantástica letra de “Gente Humilde” é trazido a relevo nas crônicas. Afinal nossos poetas estão cansados de ensinar: “Nas coisas simples é que encontramos o belo, o mágico e o puro”.
Khalil Gibran, distante da sua Bsharri no Líbano, escreveu uma obra universal, Magno Martins, longe e perto da sua Afogados da Ingazeira em Pernambuco, do jeito sertanejo oferece um recado onde coisas belas, que alimentam a alma, são expostas. Cabe aos leitores extrair a essência.
Por: Ademar Rafael