Restaurantes famosos, lojas de grife e hotéis cinco estrelas. Essa era a rotina das viagens ao exterior do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a mulher dele, Cláudia Cruz, e a filha Danielle, revelada pelas despesas de cartões de créditos pagas com recursos das contas secretas que eram mantidas na Suíça. As vultosas despesas foram destacadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em cinco páginas da nova denúncia contra Cunha, protocolada nesta sexta-feira.
Mereceu destaque para o procurador-geral a viagem feita pelo presidente da Câmara a Miami no réveillon de 2013. Os gastos mostram que entre 28 de dezembro de 2012 a 5 de janeiro de 2013 somente no cartão de Cunha foram registrados gastos de US$ 42,2 mil, o equivalente a R$ 84 mil na cotação de 2013. Cunha, na época, recebia salário de R$ 17,8 mil mensais.
Nessa semana em Miami, ele gastou US$ 23 mil para se hospedar no The Perry, um luxuoso complexo de apartamentos em Miami Beach. Gastou mais US$ 6,1 mil em restaurantes, como nos refinados Nobu, Il Mulino e Prime Italian. Não houve pechincha também nas compras. Cunha gastou, por exemplo, US$ 3,5 mil na Ermenegildo Zegna, US$ 3,8 mil na Salvatore Ferragamo e US$ 1,5 mil na Giorgio Armani.
No mês seguinte, o presidente da Câmara fez mais gastos nos Estados Unidos. No dia 11 de fevereiro de 2013, gastou US$ 1,9 mil no restaurante Per Se, em Nova Iorque, que é comandado pelo renomado chef Thomas Keller. Ele fez um pagamento de US$ 2,7 mil no dia seguinte pela hospedagem no hotel Hilton, em Nova York, e no mesmo dia seguiu para Zurique, na Suíça, onde registrou gastos em dois hotéis, de US$ 4,6 mil. Dia 15 de fevereiro, porém, Cunha já usava o cartão de crédito em Paris, tendo pago US$ 2,5 mil por um jantar no restaurante Le Grand Vefour, um luxuoso e histórico local no coração da capital francesa.
DESPESAS INCOMPATÍVEIS COM PATRIMÔNIO
O procurador relata ainda gastos do cartão de Cunha em Barcelona, São Petersburgo, Roma, Florença, Dubai, Cascais, além de outras despesas nos Estados Unidos e na França. Destacou, porém, que há registros de gastos quando ele já ocupava o cargo atual.
“Tais despesas – incompatíveis com o patrimônio lícito e declarado do denunciado e pagas com dinheiro proveniente de desvios da Petrobras – continuaram mesmo após a eleição de Eduardo Cunha para presidente da Câmara dos Deputados (ocorrida em fevereiro de 2015)”, frisou Janot.
Em 14 de fevereiro, o presidente da Câmara gastou US$ 1,3 mil no restaurante Gu Savoy, em Paris. Dois dias depois, gastou US$ 8,1 mil na loja de roupas masculinas Textiles Astrum France. Fez ainda outros gastos no hotel e no dia 18 de fevereiro está registrada a despesa de US$ 15,8 mil em hospedagem no nababesco hotel Plaza Athénée. No dia seguinte, Cunha já estava em Portugal, com gastos registrados em Paço D’Arcos e Real Villa Hotel.
Quando esteve com o marido em Paris em fevereiro de 2015, a jornalista Cláudia Cruz gastou US$ 1,4 mil na Louis Vutton, US$ 4 mil na Chanel, US$ 6,5 mil na camisaria Charvet Place Vendôme, US$ 1,6 na Hermès e US$ 1 mil na Balenciaga.
Ela fez ainda altos gastos em lojas de grife no exterior em 2014. Em 9 de janeiro de 2014, por exemplo, ela gastou US$ 7,7 mil na loja da Chanel em Paris. Dois dias depois, gastou US$ 2,9 mil na Balenciaga e US$ 4,1 mil na camisaria Carvet Place Vendôme. Em março daquele ano, Cláudia gastou US$ 4,5 mil na Prada, em Roma, US$ 3,5 mil na Louis Vuitton, em Lisboa. No mês seguinte, dispendeu mais US$ 3,8 mil na Chanel de Dubai, nos Emirados Árabes.
As despesas da filha Danielle também são altas. São ressaltadas despesas em Barcelona, Nova Iorque e Orlando. Aparecem na lista, por exemplo, despesas de US$ 1,5 mil na Yves Saint Laurent, US$ 5,2 mil na Chanel, US$ 2,6 mil na Hermès e US$ 4,6 mil na Fendi. (Jornal o Globo)