Por GloboEsporte.com
O futebol perdeu um de seus grandes ícones nesta quinta-feira. Johan Cruyff, considerado o líder do chamado Carrossel Holandês da década de 1970 e um dos maiores ídolos da história do Barcelona, morreu aos 68 anos, depois de lutar contra um câncer no pulmão.
Em 24 de março, Johan Cruyff morreu pacificamente em Barcelona, rodeado por sua família, após um dura batalha contra o câncer. É com grande tristeza que pedimos respeito à privacidade da família durante seu período de luto – diz comunicado divulgado pelo site oficial do ex-jogador.
Cruyff teve um câncer no pulmão diagnosticado em outubro do ano passado, quando iniciou sua luta contra a doença. No mês passado, o ídolo holandês chegou a dizer que estava vencendo a batalha “por 2 a 0”, elogiando o trabalho dos médicos que vinham comandando seu tratamento. O ex-jogador tinha longo histórico de fumante e, mesmo tendo deixado o vício há 24 anos, considera que o cigarro “quase tirou” tudo o que havia conquistado com o futebol.
Considerado responsável por um estilo revolucionário de jogar futebol, Hendrik Johannes Cruyff dividiu sua paixão entre a Holanda e a Catalunha durante a maior parte de sua vida. O meia-atacante conquistou com o Ajax três vezes a antiga Copa dos Campeões da Europa e seis vezes o Campeonato Holandês entre as décadas de 1960 e 1970, o que chamou a atenção do Barcelona, que buscou sua contratação às vésperas da histórica Copa de 1974. No clube catalão, Cruyff conquistou apenas uma vez o Campeonato Espanhol, em sua temporada de estreia, mas deixou seu nome marcado no local onde voltaria como treinador décadas depois e criaria raízes, passando os últimos dias de sua vida na cidade.
Cruyff foi o grande expoente da seleção holandesa que assombrou o mundo com sua maneira diferente de jogar futebol no Mundial de 1974. A equipe comandada por Rinus Michels adotou uma disposição tática muito diferente para a época, com os atletas tendo liberdade para trocarem de posição, em um sistema que fez o time entrar para a história como a Laranja Mecânica. Após vitórias histórias sobre Argentina e Brasil na segunda fase, a equipe acabou derrotada na final diante da Alemanha Ocidental, anfitriã do torneio.
Após encerrar a carreira como jogador em 1984, Cruyff teve a primeira experiência como treinador em 1986, no Ajax. No clube holandês, ele ficou até 1988 e levou a Recopa Europeia em 1986-87. Porém, chegou ao seu auge no banco de reservas no comando do Barcelona. Assumiu o clube catalão em 1988, e permaneceu no comando até 1996. Lá, ele foi o responsável por uma filosofia de jogo que marca o Barcelona até hoje, passando pelas categorias de base e chegando ao time profissional. Toque de bola, domínio do adversário, jogo bonito e ofensivo. Tudo o que Messi & Cia desempenham até hoje.
Conquistou inúmeros títulos, formou verdadeiros esquadrões, como o Dream Team de 1992, campeão da Champions League daquele ano. Quem estava no time campeão como jogador era Pep Guardiola, que depois se tornou treinador e ganhou tudo no Barcelona seguindo a filosofia do holandês.
Certa vez, Guardiola resumiu alguns métodos que levou de Cruyff para o comando do Barcelona, lembrando as características de jogo que o holandês implementou no clube catalão.
– Os jogadores precisam pensar de forma rápida e com inteligência, sabendo o próximo passe – disse Guardiola, lembrando que Cruyff sempre pedia a movimentação da bola de forma rápida.
Além da Champions League de 1991-92, Cruyff também conquistou no comando do Barcelona quatro vezes o Campeonato Espanhol, três vezes a Supercopa da Espanha, uma Copa do Rei, uma Recopa da Europa e uma Supercopa da Europa.