A presidente Dilma Rousseff, conhecida pelo seu jeito durão de governar e com muita dificuldade de diálogo, aproveitou o retorno do recesso parlamentar, desceu do seu pedestal e foi até o Congresso Nacional pedir apoio para a volta da CPMF (aquele tributo que ficou conhecido como o imposto do cheque). Em suas argumentações, a presidente alega que essa arrecadação significaria cerca de R$ 35 bilhões a mais no caixa do governo e seria a saída mais rápida para acertar os rumos da economia.
Entre aplausos e apupos a presidente saiu do congresso sem muita certeza da recriação desse imposto. Ao que nos parece, o governo e sua equipe econômica não estão encontrando saídas para a crise e o jeito -como sempre- é impor maior sacrifícios à sociedade. É bom que se registre que a própria presidente era contrária a volta do imposto e isso dificulta a criação dos argumentos necessários para convencimento da sociedade, da classe empresarial e até de políticos da própria base do governo.
O mais curioso em tudo isso é que o governo insiste no sacrifício da população sem fazer o seu dever de casa. Recentemente, a presidente prometeu redução nos ministérios, cortes de cargos comissionados e muito pouco foi mostrado à sociedade. Ou seja, o discurso é ruim e a prática consegue ser pior. A Dilma está batendo o recorde de mentiras, superando em muito o seu padrinho político e a oposição (se é que existe) continua de braços cruzados.
O governo está convencido de que só com a volta da CPMF pode reorganizar as contas. Essa será uma das âncoras de suas conversas, mesmo sabendo que, como contrapartida, terá que apresentar uma lei fixando um teto rígido para os gastos públicos em relação ao PIB. Dito de outra forma: se o governo provar que conterá seus gastos, o empresariado vai usar seus canais para ajudar o Congresso a aprovar a volta da CPMF. Não é o que ele deseja, mas também tem convicção de que sem dinheiro novo não há como religar o motor da economia.
O problema maior do governo consiste em saber como organizar um discurso que a sociedade tenha alguma expectativa. A presidente tem conversado com muita gente de fora do governo. Recentemente, ela ouviu o Delfim Neto e andou consultando Armínio Fraga, pedindo ajuda e fazendo sondagens. A questão maior é ela construir as condições políticas para qualquer ação mais firme. Isso não está sendo fácil e tem atormentado o governo que caminha sem lenço e sem documento desde que perdeu as rédeas desse gigante chamado BRASIL.
Danizete Siqueira de Lima – Fevereiro de 2016